Economistas reforçam cautela diante de IPCA mensal suave, mas acima da meta em 12 meses

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A divulgação do IPCA de julho nesta terça-feira pelo IBGE revelou que a variação do índice oficial de inflação ficou abaixo das estimativas de mercado. O resultado foi influenciado pela queda nos preços de alimentos e pela valorização do real frente ao dólar. Contudo, o índice acumulado em 12 meses ainda está consideravelmente acima da meta estabelecida pelo Banco Central, com os preços dos serviços e dos núcleos ainda pressionando. Diante desse cenário, os economistas continuam recomendando ao Copom cautela e manutenção da taxa de juros.

O índice cheio do mês de julho apresentou uma variação de 0,26%, abaixo do que era esperado pelo mercado e por algumas casas de investimentos. No acumulado de 12 meses, a inflação recuou de 5,35% para 5,23% em um mês, ainda distante da meta anual de 3% estabelecida pelo BC. Setores como Alimentação e Bebidas e Vestuário contribuíram para o alívio, enquanto Habitação e Despesas Pessoais e Transportes registraram pressões de alta.

Para André Valério, economista sênior do Inter, o resultado de julho foi surpreendentemente positivo e traz mais tranquilidade para o Copom nas próximas reuniões. A previsão é de deflação em agosto, influenciada pelo bônus de Itaipu, contribuindo para a desaceleração da inflação. Porém, o início do ciclo de cortes de juros dependerá de uma sinalização mais clara da impacto da política monetária restritiva na atividade real.

Leonardo Costa, economista do ASA, observa que a inflação de serviços segue em patamar elevado, enquanto a de bens industrializados tem surpreendido para baixo. Igor Cadilhac, do PicPay, reforça a necessidade de uma política monetária restritiva, com projeção de Selic em 15% até o final do ano. Gustavo Rostelato, da Armor Capital, destaca a dicotomia entre bens e serviços no IPCA, apontando para pressões inerciais ainda presentes.

Para Gustavo Sung, economista-chefe da Suno Research, a inflação demanda prudência do BC, considerando a elevação da demanda e a manutenção da política monetária contracionista. Claudia Moreno, do C6 Bank, alerta que o arrefecimento temporário da inflação pode mudar diante de fatores domésticos como mercado de trabalho aquecido e câmbio depreciado. Nesse cenário, a projeção é de IPCA em 5% ao final de 2025 e 5,7% ao término de 2026, com manutenção da Selic em 15% até lá.

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