Após uma intensa repercussão nas redes sociais, o Museu da República decidiu retirar de exposição o “pijamão” inflável que retrata o traje utilizado pelo ex-presidente Getúlio Vargas no momento de sua morte. A peça, de autoria de Clarissa Diniz, gerou polêmica devido aos detalhes macabros estampados, como a marca do tiro e a mancha de sangue presentes no pijama original. Inicialmente programada para permanecer em exposição até o próximo domingo, a obra de 4 metros de altura com braços gigantes, listras verticais e monograma “GV” dividiu opiniões e gerou um intenso debate nas redes sociais.

A repercussão negativa levou o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) a entrar em contato com a direção do Museu da República exigindo esclarecimentos sobre a exposição do inflável de Getúlio Vargas em um bem tombado. Com a pressão e as críticas recebidas, o museu decidiu retirar a peça devido a “ruídos e informações desencontradas e limitações técnicas referentes à ventilação e sustentação da obra”. Enquanto a exposição despertou curiosidade em alguns espectadores, também gerou indignação e debates acalorados sobre a representação da morte de um ex-presidente do Brasil de forma tão explícita.

A criação do pijama inflável remonta a um edital da prefeitura em 2005, no qual a obra foi selecionada e posteriormente doada ao Museu da República em 2012. Utilizada em um protesto pela implementação do Plano de Carreira do Ministério da Cultura em 2012, o inflável faz parte do acervo do museu desde então. Com a retirada da peça da exposição, o Museu da República substituirá o “pijamão” por objetos originais, como o pijama utilizado por Getúlio Vargas no momento de sua morte e a máscara mortuária do ex-presidente, em uma nova sala no térreo disponível para visitação a longo prazo.

Para o museólogo André Angulo, a exposição do pijama inflável foi uma tentativa de suavizar a lembrança do suicídio de Getúlio Vargas, ao mesmo tempo em que chama atenção para questões candentes da história brasileira. A decisão de expor a peça foi tomada pela Comissão de Exposições em concordância com técnicos e servidores do Museu da República. A polêmica envolvendo o “pijamão” inflável de Getúlio Vargas revela a sensibilidade e complexidade de representar eventos históricos e personagens icônicos de forma artística e provocativa em contextos museológicos.