Encalhes de pinguins no litoral de São Paulo: especialistas alertam para fragilidade da espécie

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Encalhes de animais no litoral de São Paulo chegam a 650 em uma semana

Especialistas alertam para a fragilidade do pinguim-de-magalhães, cuja soma de
encalhes passou dos 350 indivíduos.

1 de 2 Encalhe em massa de pinguins registrado em agosto de 2025 — Foto: Ayrton
Soares

Encalhe em massa de pinguins registrado em agosto de 2025 — Foto: Ayrton Soares

O litoral paulista viveu, nos últimos dias, um episódio preocupante para a
conservação da fauna marinha. Mais de 350 pinguins-de-magalhães (Spheniscus
magellanicus) foram encontrados mortos em diferentes praias da região, em um dos
maiores encalhes registrados neste ano.

Os dados foram confirmados pelo Instituto de Pesquisas Cananéia (IPeC),
responsável pelo monitoramento da área dentro do Projeto de Monitoramento de
Praias da Bacia de Santos (PMP-BS).

Segundo o instituto, entre os dias 15 e 21 de agosto foram 651 animais
encalhados somente no Trecho 7, que abrange Iguape (São Paulo), Ilha Comprida (São Paulo) e
Cananéia (São Paulo). A grande maioria dos registros correspondeu a pinguins mortos, em
estágio avançado de decomposição, o que impossibilitou determinar a causa exata
das mortes.

Apenas duas tartarugas-verdes (Chelonia mydas) e um pinguim-de-magalhães foram
encontrados com vida e encaminhados para reabilitação.

TEMPORADA DE ENCALHES

De acordo com o IPeC, os encalhes de pinguins nessa época do ano não são um
fenômeno novo. A temporada normalmente ocorre entre junho e dezembro, com pico
de ocorrências em julho e agosto.

“No entanto, números elevados de animais em um curto intervalo de tempo são mais
raros, mas já ocorreram pontualmente ao longo dos 10 anos em que o IPeC executa
o PMP-BS”, explica Guilherme Marins, porta-voz do IPeC.

2 de 2 Encalhe em massa de pinguins registrado em agosto de 2025 — Foto: Ayrton
Soares

Encalhe em massa de pinguins registrado em agosto de 2025 — Foto: Ayrton Soares

HIPÓTESES PARA A MORTALIDADE

As causas do encalhe em massa ainda estão em investigação, mas estudos
anteriores já apontaram fatores como:

* Longas distâncias percorridas durante a migração;
* Dificuldade em encontrar alimento;
* Presença de parasitas e doenças infecciosas;
* Interação com atividades pesqueiras.

“O número total por ano de pinguins encalhados é bastante variável, mas em
comparação a 2024, por exemplo, tivemos um aumento significativo apenas com base
nos primeiros meses da temporada 2025”, explica Marins.

Segundo ele, olhando para os 10 anos de execução do PMP, não é possível afirmar
que o número de encalhes de pinguins cresça ano após ano, já que os dados
coletados refletem apenas os animais encontrados nas praias e não a mortalidade
total da população.

Além disso, os números também dependem das condições oceanográficas que fazem
com que as carcaças cheguem ou não até a faixa de areia.

Outro ponto preocupante observado pelos técnicos é o crescente quadro de
debilidade dos pinguins encontrados vivos, sinal de que a espécie pode estar
enfrentando pressões cada vez maiores em seu ciclo de vida.

AÇÕES DE RESGATE E CONSERVAÇÃO

O PMP Bacia de Santos possibilita que animais encontrados debilitados recebam
atendimento veterinário e sejam reintroduzidos ao habitat natural quando
possível. Além disso, os dados obtidos no monitoramento subsidiam políticas e
discussões sobre a conservação da espécie.

> “Não existe uma medida pontual, mas um conjunto de atitudes que pode ajudar a
> amenizar essa situação. Reduzir o consumo excessivo de recursos naturais,
> destinar corretamente os resíduos, respeitar o espaço dos animais e evitar a
> poluição marinha são ações que fazem diferença”, finaliza o porta-voz.

Financiado pela Petrobrás como condicionante ambiental, o projeto é licenciado
pelo Ibama e tem execução coordenada pela empresa Mineral. O monitoramento das
praias é feito pelo Instituto de Pesquisas Cananéia (IPeC).

SENTINELAS DO OCEANO

Vindos da Patagônia argentina e chilena, os pinguins-de-magalhães percorrem
milhares de quilômetros em busca de alimento, chegando à costa brasileira
durante o inverno. Em sua dieta, estão presentes pequenos peixes, lulas e
crustáceos.

Os indivíduos têm em média 70 centímetros de altura, podem pesar até 5
quilogramas e são comumente identificados por um colar de penas brancas no
pescoço coberto de penas pretas. Diferentemente de outras espécies, eles não
gostam do frio.

O encalhe em massa registrado no litoral de São Paulo evidencia a fragilidade
desses animais e a necessidade urgente de reforçar medidas de conservação.

Como sentinelas da saúde dos oceanos, os pinguins revelam em seus corpos os
impactos das mudanças climáticas, da sobrepesca e da poluição marinha – sinais
de alerta que vão muito além das praias do litoral paulista.

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