Carro de professor é baleado após denúncias de estupro em escola pública de MG
Investigado por estupro de vulnerável, professor de música teve veículo atingido
por cerca de dez disparos; Polícia Civil apura o caso e fará coletiva nesta
segunda-feira (25) em Patos de Minas.
1 de 3 Carro de professor denunciado por estupro foi atingido por cerca de 10
tiros em Patos de Minas — Foto: Patos Hoje/Reprodução
Carro de professor denunciado por estupro foi atingido por cerca de 10 tiros em
Patos de Minas — Foto: Patos Hoje/Reprodução
Um professor de 49 anos, investigado por estupro de vulnerável contra crianças
em uma escola municipal de Patos de Minas, no Alto Paranaíba, teve o carro atingido por cerca de dez tiros na noite de sábado (23).
O ataque ocorreu após denúncias de abuso sexual envolvendo ao menos três alunos
da escola onde o professor dá aulas de música. A polícia não divulgou o nome do
investigado.
Segundo a Polícia Militar (PM), o carro foi baleado no Bairro Jardim Centro. Os
disparos acertaram as portas, capô, teto e vidros do veículo.
Estojos e projéteis de calibre 9 mm foram encontrados perto do local e a polícia
suspeitou que os disparos tenham partido de um dos apartamentos de um prédio
vizinho.
Durante as buscas, os militares identificaram o possível atirador, um homem de
40 anos, que estava embriagado e resistiu à abordagem. Ainda de acordo com a PM,
no apartamento do suspeito foram encontradas cápsulas deflagradas, além de
carregadores, uma pistola calibre 9 mm desmontada, munições intactas e porções
de maconha e cocaína.
O homem foi preso, passou por avaliação médica e foi levado à Delegacia de
Polícia Civil.
A Polícia Civil informou, em nota divulgada na tarde deste domingo (24), que
instaurou procedimento para apurar as denúncias. A investigação está sob
responsabilidade da Delegacia Especializada de Atendimento à Criança, que já
apreendeu celular, coletou provas periciais e realizou escutas com as vítimas.
Sobre o ataque ao veículo do investigado, a PC reforçou que a prática de
retaliação é considerada crime. “Ataques desta natureza são caracterizados como
crime, não sendo admitido pelo ordenamento jurídico ‘justiça com as próprias
mãos’, devendo ser evitadas, pois impedem um julgamento justo a todo cidadão”.
A corporação ainda esclareceu que o professor investigado não foi preso em
flagrante, pois os fatos teriam ocorrido em data anterior ao registro do boletim
de ocorrência e não havia elementos suficientes para comprovar o crime.
Alertou ainda sobre a divulgação de informações não confirmadas nas redes
sociais, como o número de vítimas, que não corresponde aos dados apurados até o
momento.
Uma coletiva de imprensa será realizada nesta segunda-feira (25), às 11h, para
apresentar os avanços da investigação criminal.
O docente foi denunciado após uma das vítimas, uma criança de 4 anos, contar
para a mãe sobre os abusos que vinha sofrendo na escola.
A mulher havia notado mudança de comportamento da criança e, ao questioná-la,
dizendo que ela poderia confiar e que elas poderiam compartilhar segredos uma
com a outra, a menina contou que o professor a tocava de forma inadequada e
introduzia objetos como lápis e faca na região anal. As informações constam no
boletim de ocorrência registrado na quinta-feira (21).
A filha disse ainda que era ameaçada pelo professor, que afirmava que, se
contasse sobre os abusos, ele deixaria de dar aulas de música – atividade que
ela gostava muito de participar na escola. O homem foi afastado das funções
assim que a escola soube da denúncia.
Ainda conforme o boletim de ocorrência, após saber da situação, a mãe não
permitiu que a filha voltasse à escola e a levou na quinta-feira até um hospital
da cidade para que exames fossem feitos.
A criança também contou para a mãe que o professor mantinha comportamentos
semelhantes com outras crianças. Por isso, a PM foi até a residência de um
menino e uma menina, indicados como outras supostas vítimas dos abusos.
Na casa de uma delas, a mãe da criança relatou que a vítima vinha reclamando de
fortes dores na região íntima e que já havia sido diagnosticada com infecção de
urina.
A criança foi levada ao hospital, mas não relatou abuso por parte do professor.
Disse apenas que ele a abraçava com frequência e a colocava sentada em seu colo.
Mas no atendimento médico, segundo a PM, foi constatado inchaço na região
íntima.
Na casa da terceira criança, a mãe negou que tenha visto ferimentos no corpo do
filho, mas que ele tem apresentado resistência em ir à escola. Ela foi orientada
a levá-lo para receber atendimento médico e constatar os possíveis abusos.
A partir dos relatos, os militares abordaram o professor e o prenderam, mas ele
foi liberado em seguida. O investigado negou as acusações e afirmou não ter
conhecimento de nenhuma queixa.
Em nota, a Prefeitura de Patos de Minas afirmou que ao tomar conhecimento da denúncia, determinou a instauração imediata de procedimento interno para apuração dos fatos.
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