PM chega a 315 câmeras corporais na região de Piracicaba, mas metrópole ainda não tem itens
Para ouvidor das Polícias do Estado de São Paulo, equipamento é um meio para
reduzir a mortalidade de civis e policiais durante ocorrências.
1 de 4 Policial usando câmera corporal — Foto: CLDF/reprodução
A Polícia Militar da região de Piracicaba (SP) chegou ao total de 315 câmeras
operacionais portáteis (COP), conhecidas como câmeras corporais, implantadas em
seu efetivo. Os militares da DE ainda não atuam com o equipamento, mas a
corporação informou que a implantação está prevista.
Segundo a plataforma Muralha Paulista, os equipamentos já foram implantados nos
seguintes Batalhões da Polícia Militar do Interior (BPM/Is):
* 48º BPM/I
Nº de câmeras: 161, com início de uso em maio
Área de cobertura: Sumaré, Nova Odessa, Hortolândia e Monte Mor
* 19º BPM/I
Nº de câmeras: 154, com início de uso em junho
Área de cobertura: Americana, Santa Bárbara d’Oeste, Cosmópolis e Artur
Nogueira
Segundo o Comando-Geral da Polícia Militar, também há previsão de implantação no
10º BPM/I, responsável pelo policiamento nas seguintes cidades:
* Piracicaba
* Capivari
* Saltinho
* Rio das Pedras
* Mombuca
* Rafard
* Elias Fausto
* São Pedro
* Santa Maria da Serra
* Águas de São Pedro
* Charqueada
O DE questionou a Secretaria de Segurança Pública quando as câmeras estarão
disponíveis para o 10º BPM/I, mas não houve resposta.
2 de 4 Inicialmente, câmera corporal foi instalada apenas em fardas de PMs da
capital — Foto: Rafael Rodrigues/Ascom SSP
APÓS MORTE, OUVIDOR COBROU CÂMERAS
Em julho deste ano, a Justiça de Piracicaba (SP) aceitou denúncia do Ministério
Público do Estado de São Paulo (MP-SP) e tornou réus seis policiais militares
no caso envolvendo a morte de Gabriel Júnior Oliveira Alves da Silva, de 22
anos, baleado durante abordagem da PM, em abril deste ano. Segundo a acusação, a esposa dele, que estava grávida,
também foi torturada.
Dois militares foram presos e outros quatro, acusados por coação durante as
investigações, foram afastados das funções operacionais.
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Após a morte do jovem em entrevista ao DE, o ouvidor da polícia do Estado, Mauro
Caseri, cobrou a implantação de câmeras corporais nos batalhões da PM da região
de Piracicaba. Para ele, esse é um dos meios para diminuir a mortalidade de
civis e policiais durante conflitos.
> “Os dados demonstram que o uso das câmaras corporais e o taser [arma de
> choque] protegem a população e protegem também o policial. Protege o policial
> porque em situações em que ele faz uma abordagem e […] se obriga a tomar uma
> atitude um pouco mais incisiva, um pouco mais forte, a própria câmera
> demonstra porque ele teve que fazer isso”, afirmou Caseri.
No caso de Gabriel, a PM alegou que ele reagiu a abordagem com uma pedra. No
entanto, a denúncia do MP aponta um dos policiais vasculhou o local, recolheu
duas pedras, manteve elas dentro da viatura e as apresentou à autoridade
policial, alegando que tinham sido arremessadas por Gabriel contra eles.
A OAB afirmou que a PM agiu com excesso de força. Confira, no vídeo abaixo, o
momento do disparo no jovem e a reação de moradores:
Vídeos mostram desespero de amigos e esposa de homem morto pela PM em Piracicaba
O ouvidor da polícia informou que a PM deve usar arma letal em duas ocasiões:
* Quando há risco de vida do agente;
* Quando o comportamento do suspeito coloca em risco outras pessoas no local.
> “Mesmo que ele tenha pego uma pedra, pedra não é uma arma letal, em princípio.
> Não justificaria o disparo de uma arma de fogo pra conter uma pessoa que está
> de posse de uma pedra”, explicou.
CÂMERAS E REDUÇÃO DA MORTALIDADE
As câmeras corporais reduzem os índices de mortes. A redução da mortalidade de
adolescentes em intervenções policiais chegou a 80,1%
em 2022, no estado de São Paulo, após a implementação de câmeras nos uniformes
dos policiais militares. O dado faz parte de um levantamento feito pelo Fórum
Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) em parceria com a Unicef.
Os batalhões que usaram COPs também tiveram diminuição, de 76,2%, nas mortes de
PMs em serviço entre 2019 e 2022.
> “Tem que ser um equipamento [a COP] como é a farda de todos os policiais. O
> policial tem a viatura, o policial tem o revólver, tem a câmara corporal e tem
> as armas de menor potencial de letalidade. Isso deveria ser existir para todos
> os policiais”, afirmou o ouvidor.
Caseri ainda informou que o uso de armas menos letais por parte das tropas, como
cacetete, gás de pimenta e taser, contribuem para a redução de vidas perdidas.
3 de 4 Gabriel Júnior, pai de três crianças, morto pela PM em Piracicaba durante
abordagem — Foto: Arquivo pessoal/Reprodução OAB Piracicaba
MORTES POR INTERVENÇÃO DA PM TÊM ALTA
O número de mortes durante intervenção da PM teve aumento em Piracicaba neste
ano. Foram seis óbitos, enquanto em 2024 ocorreram cinco.
O levantamento foi feito e disponibilizado pelo Grupo de Atuação Especial da
Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial (Gaesp), do
Ministério Público de São Paulo, que trabalha o controle externo da atividade de
policial.
> “As forças de segurança do Estado não compactuam com desvios de conduta ou
> excessos por parte seus agentes, punindo com absoluto rigor todas as
> ocorrências dessa natureza. Desde 2023, mais de 550 policiais foram presos e
> 364 demitidos ou expulsos”, comunicou a Secretaria de Segurança Pública do
> Estado de São Paulo, em nota ao DE.