Martim-pescador-miúdo é avistado pela primeira vez em Itajubá, sul de Minas Gerais

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Martim-pescador-miúdo é registrado pela primeira vez no sul de Minas Gerais. A aparição em Itajubá chama atenção de observadores e migração pode estar relacionada com pressões ambientais.

Um pequeno visitante chamou a atenção dos observadores de aves no sul de Minas. O martim-pescador-miúdo (Chloroceryle aenea), menor representante da família Alcedinidae no Brasil, foi registrado pela primeira vez em Itajubá, em um fragmento de mata cercado por áreas urbanas e modificadas. A ocorrência foi publicada na plataforma colaborativa WikiAves, tornando-se o primeiro registro confirmado da espécie na região. Entre os responsáveis pela descoberta está o engenheiro eletricista Francisco Santos, que relatou ter encontrado a ave durante uma de suas saídas de bicicleta. “Foi uma surpresa enorme! Eu sabia que era uma espécie incomum, mas só depois percebi a importância de ter sido o primeiro registro da região. É uma alegria enorme poder compartilhar isso com outros apaixonados pela natureza”, conta.

Com apenas 12,5 centímetros e entre 11 e 16 gramas, o martim-pescador-miúdo é o menor da família. Apesar do porte reduzido, chama atenção pelo colorido: o macho exibe dorso verde-brilhante com reflexos dourados, garganta branca e peito laranja-ferrugíneo. A fêmea, por sua vez, apresenta uma faixa verde escura no peito acompanhada de uma cinta branca. Conhecido também como martinho, ariramba-miudinho ou arirambinha, costuma habitar margens de rios, igarapés e manguezais, sempre em locais de vegetação densa.

No Brasil, existem cinco espécies de martins-pescadores, mas o miúdo se destaca pelo tamanho. “O martim-pescador-grande é de outro gênero (Megaceryle) e chega a ser três vezes maior do que o pescador-miúdo. Ele é azul, tem hábitos diferentes e dificilmente é confundido com os menores”, explica o biólogo Arthur Gomes. “Já os outros quatro – verde, pequeno, miúdo e da mata – pertencem ao gênero Chloroceryle e têm características mais parecidas, com plumagem predominantemente esverdeado e detalhes em laranja ou branco”. Entre eles, o martim-pescador-verde (Chloroceryle amazona) é o mais comum em áreas urbanas e rurais, sendo visto com frequência em parques, represas e rios de fácil acesso. Já o martim-pescador-pequeno (Chloroceryle americana) e o martim-pescador-da-mata (Chloroceryle inda) são mais discretos, e o miúdo é o mais raro e difícil de observar, justamente por seu tamanho reduzido e preferência por habitats mais fechados.

A aparição do martim-pescador-miúdo em Itajubá pode estar relacionada a deslocamentos sazonais ou mesmo a pressões ambientais. “Algumas espécies fazem migração altitudinal, especialmente em épocas de frio intenso”, explica o biólogo Arthur Gomes. “A disponibilidade de alimento também influencia. Em períodos de inverno rigoroso, os indivíduos podem ser obrigados a buscar áreas mais favoráveis”. No caso de Itajubá, o registro ocorreu em um fragmento de mata cercado por entornos bastante perturbados, o que, segundo Arthur, demonstra a resiliência da espécie. “Talvez seja a única área minimamente preservada disponível, o que torna esse tipo de ocorrência inusitada mais provável. O desmatamento e a perda de hábitats também podem estar empurrando essas aves para locais antes incomuns para elas”, conclui.

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