Sete policiais são absolvidos da chacina com 11 mortos em Fortaleza: veja detalhes dos julgamentos da Chacina do Curió

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Mais sete policiais são absolvidos da acusação de envolvimento em chacina com 11 mortos em Fortaleza

Policiais julgados nesta etapa eram acusados de fazer parte do chamado “Núcleo da Omissão”, que poderia ter agido para evitar a chacina, mas não fizeram nada.

A quarta fase dos julgamentos da Chacina do Curió foi concluída no domingo (31), em Fortaleza. O Tribunal do Júri encerrou o quarto julgamento da Chacina do Curió, o assassinato de 11 pessoas na periferia de Fortaleza em 2015. Esta etapa teve início na segunda-feira (25) e foi concluída neste domingo (31) com a absolvição dos sete policiais militares que estavam sendo julgados. O Ministério Público já anunciou que vai recorrer da sentença.

De acordo com a denúncia do Ministério Público do Ceará (MPCE), os sete policiais julgados compõem o ‘Núcleo da Omissão’, porque “estavam de serviço na região onde os crimes ocorreram, tinham o dever legal e podiam agir para evitar a chacina, mas nada fizeram. Da segunda-feira ao domingo, o caso contabilizou quase 78 horas de julgamento, entre depoimentos, análise de provas e outros procedimentos. A deliberação do Conselho do Júri começou na manhã deste domingo e o veredito foi anunciado à noite.

Os jurados absolveram os agentes de todas as acusações: 11 homicídios consumados, todos duplamente qualificados, praticados por motivo torpe e mediante recurso que dificultou ou impossibilitou a defesa das vítimas; três homicídios tentados, duplamente qualificados por motivo torpe e recurso que impossibilitou a defesa das vítimas; três crimes de tortura física; um de tortura psicológica.

A chacina ocorreu entre a noite do dia 11 de novembro e a madrugada do dia 12 de novembro de 2015, na comunidade do Curió, na região da Grande Messejana, área na periferia de Fortaleza. A maioria das vítimas tinha de 16 a 18 anos, sem passagens pela polícia. Inicialmente, 45 policiais militares foram denunciados por envolvimento no crime, mas afinal apenas 30 foram designados para ir a júri. Dessas, 20 já haviam sido julgados, dos quais 14 foram absolvidos e 6 condenados. Com o resultado deste domingo (31), mais 7 policiais foram julgados e absolvidos. Até agora, o balanço do caso é de 21 absolvidos e 6 condenados. Os últimos 3 réus vão a júri no dia 22 de setembro.

Os sete réus julgados nesta quarta etapa foram: Daniel Fernandes da Silva, Gildásio Alves da Silva, Luis Fernando de Freitas Barroso, Farlley Diogo de Oliveira, Renne Diego Marques, Francisco Flávio de Sousa e Francisco Fabrício Albuquerque de Sousa.

O julgamento deste domingo foi acompanhado pelas mães de algumas das vítimas, que desde a chacina formaram o Movimento Mães do Curió para pedir justiça pela morte dos jovens. O grupo marcou uma vigília do lado de fora do fórum para acompanhar o resultado do julgamento. Antes de saber o resultado, Suderli de Lima, mãe do jovem Jardel Lima, morto na chacina, destacou que estar ali era difícil para elas, mas necessário.

A Justiça acatou a denúncia contra 44 dos 45 policiais inicialmente acusados de envolvimento no crime. No decorrer do processo, 10 policiais foram impronunciados, ou seja, não foram levados a júri por falta de evidências. Dos 34 acusados restantes, um morreu e três tiveram o caso transferido para a Vara Militar, restando 30 réus.

Os julgamentos da Chacina do Curió começaram em junho de 2023. O processo conta com mais de 13 mil páginas e foi desmembrado em três para dar maior agilidade aos julgamentos. Até agora, policiais foram condenados e absolvidos em diferentes fases, com penas que variam de acordo com as acusações. A justiça segue buscando a verdade e a responsabilização dos envolvidos no caso.

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