Dono de distribuidora de Jardinópolis, SP, é suspeito de envolvimento em esquema de lavagem de dinheiro do PCC
Investigações apontam que Rede Sol Fuel participou de fraudes em fundos de investimentos. A Duvale, também com sede na cidade, foi usada para escalar o esquema, distribuindo combustíveis para postos envolvidos.
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O empresário de Jardinópolis (SP) Valdemar de Bortoli Júnior é citado nas investigações sobre o envolvimento do setor de combustíveis na lavagem de dinheiro do crime organizado.
A suspeita é de que a distribuidora dele, a Rede Sol Fuel, tenha participado de fraudes em fundos de investimentos para que o esquema fosse possível. Pelo menos R$ 30 milhões em notas comerciais da empresa foram vendidos para um fundo com indícios de inserir valores sem origem identificada no sistema financeiro e, assim, ocultá-los.
De acordo com as investigações, outras etapas do setor de combustíveis também faziam parte das práticas da organização criminosa Primeiro Comando Capital (PCC).
O esquema começava na importação de produtos químicos para que os combustíveis usados fossem adulterados e ao menos cinco usinas do interior de São Paulo foram compradas para o abastecimento da rede criminosa.
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Ainda de acordo com as investigações, a Duvale, também com sede em Jardinópolis, foi usada para escalar o esquema, distribuindo, com o apoio de transportadoras, combustíveis para postos envolvidos.
Valdemar de Bortoli Júnior, empresário de Jardinópolis (SP) é citado nas investigações sobre o envolvimento do setor de combustíveis na lavagem de dinheiro do crime organizado — Foto: Reprodução/EPTV
A EPTV, afiliada da TV Globo, tentou contato com o empresário, mas não obteve retorno até a publicação desta reportagem. A defesa Duvale também foi procurada, mas ainda não foi localizada.
VALORES BILIONÁRIOS
Os valores bilionários movimentados no esquema criminoso passavam por fintechs, que são bancos digitais.
> “A fintech usava esta conta para colocar como cliente pessoas envolvidas na atividade criminosa e, dentro dessa conta, que não tem a menor transparência, não informar quem recebeu o que ou quem pagou o que internamente”, diz Márcia Meng, superintendente da Receita Federal em São Paulo.
Uma destas fintechs é a BK instituição de pagamento, que tem sede em Barueri (SP) e uma filial em Ribeirão Preto (SP). Na semana passada, a empresa foi alvo de mandados de busca e apreensão.
As investigações apontam que, em cinco anos, a BK movimentou mais de R$ 46 bilhões para o crime organizado, ajudando a ocultar a origem e o destino de valores.
Escritório em Ribeirão Preto (SP) movimentou R$ 47 bilhões em esquema criminoso do PCC — Foto: Reprodução/EPTV
A empresa também é responsável por gerenciar os pagamentos em crédito e débito dos serviços da RP Mobi, que administra o trânsito em Ribeirão Preto. Este contrato não faz parte das investigações sobre crime organizado.
Nesta segunda-feira (1º), a prefeitura informou que cancelou o acordo que mantinha com a fintech. O descredenciamento foi publicado no fim da tarde, no Diário Oficial.
COMO FUNCIONAVA O ESQUEMA
As investigações mostraram que cargas de metanol, químico usado no setor de biodiesel, eram desviadas de rotas legais e levadas a postos, muitas vezes com notas fiscais “quentes” que simulavam legalidade.
Em alguns casos, o produto representava até 90% da gasolina, muito acima do limite permitido pela Agência Nacional do Petróleo, colocando consumidores em risco.
A investigação identificou ainda movimentações financeiras bilionárias, com contas de terceiros, fundos de investimento e fintechs usadas para lavar dinheiro da facção criminosa.
A análise das informações de uma operação anterior, a Boyle, ajudou a mapear o fluxo do dinheiro e as conexões com empresas usadas como fachada.
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