TH Joias discutiu uso de drones por criminosos na Comissão de Segurança da Alerj. Suspeito de vender antidrones ao tráfico sumiu após prisão por tráfico e corrupção.

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Suspeito de vender ‘antidrone’ ao tráfico, TH Joias discutiu uso de drones por criminosos na Comissão de Segurança na Alerj

Enquanto participava de audiência pública, histórico criminal de Thiego Raimundo já era conhecido da polícia por suspeita de vender armas a facções e pagar propinas a policiais.

Quase um ano antes de o deputado Thiego Raimundo dos Santos Silva, o TH Joias, do MDB, ser preso na manhã desta quarta-feira (3) por tráfico, corrupção e lavagem de dinheiro, ele participou de uma audiência pública na Alerj sobre o uso de drones por criminosos.

Segundo o Ministério Público do Rio e a Polícia Federal, TH fazia parte de um quadrilha denunciada por intermediar a compra e venda de drogas, armas e equipamentos antidrones.

No dia 24 de setembro de 2024, ele abriu os trabalhos da Comissão de Segurança Pública, da qual fazia parte, em uma audiência que teve a presença de figuras como o secretário de Segurança Pública do Rio, Victor Santos. Não fez comentários e ouviu toda a reunião em silêncio.

Segundo as investigações, o deputado fazia parecer que estava preocupado com a segurança pública enquanto era um membro importante do Comando Vermelho.

“O TH lucrou muito com a venda de drones, com a importação. Esses drones são aqueles antidrones para derrubar os drones das forças de segurança. Eles lucravam 10 vezes mais o valor real do drone, e com dinheiro do Comando Vermelho”, afirmou o superintendente da Polícia Federal do Rio de Janeiro, Fábio Galvão.

O histórico criminal de Thiego era conhecido. Em 2017, ele foi preso por ligação com facções criminosas e posteriormente condenado na Justiça por pagar propina a policiais e vender drogas e armas.

“Não é surpresa nenhuma do envolvimento dele com o crime organizado. Em 2017 eu era eu estava como delegado titular da nossa Delegacia de Repressão a Entorpecentes e presidi diretamente uma investigação na qual ele foi alvo e condenado, no final dessa investigação, a 14 anos de prisão. Chegou a ficar quase um ano preso e estava recorrendo em liberdade”, afirmou o delegado Felipe Curi, atual secretário de Polícia Civil.

“Ele não representava os interesses da população do estado do Rio, mas sim da facção”, pontuou Curi.

Mesmo investigado, Th Joias manteve intensa atividade política. Participou de agendas com o governador Cláudio Castro e aparecia em vídeos exaltando ações de segurança pública.

Em uma dessas gravações, ele dizia: “Em breve estaremos inaugurando aqui, governador, o nosso Segurança Presente.”

Nesta quarta-feira, após a prisão, Castro determinou que Rafael Picciani, que estava no cargo de secretário de Esportes e Lazer do Estado, ocupe a cadeira de Thiego. No ano passado, TH assumiu a cadeira como 2º suplente pelo MDB.

Antes de entrar na política, TH ficou famoso ao ver suas peças de ouro e diamantes usadas por jogadores como Neymar, Vini Jr. e Adriano Imperador ou pela cantora Ludmilla.

A história do joalheiro começou no Morro do Fubá, na Zona Norte do Rio, onde nasceu. Lá, TH herdou o ofício de seu pai, Juberto.

Ao mesmo tempo em que deslanchava nos negócios, TH apoiava projetos no interior das favelas e patrocinava festas como a do Dia das Crianças em Honório Gurgel. Além disso, usava recursos próprios para financiar atletas e músicos em favelas.

O interesse pela política aconteceu ao conhecer o ex-policial Marcos Falcon, presidente da Portela, que disputava uma vaga como vereador na Câmara do Rio. Falcon foi assassinado dias antes da eleição de 2016.

Nas investigações da Polícia Civil, TH é apontado como responsável por lavar dinheiro para as facções Comando Vermelho, Terceiro Comando Puro e Amigo dos Amigos (ADA).

Essa proximidade com a política levou TH ao MDB. Na eleição de 2022, ele ganhou 15.105 votos. Ficou como suplente e conquistou a vaga na Alerj, em 2024 com o falecimento de Otoni de Paula pai.

Em 2024, à revista Veja, TH se defendeu: “Não tem trânsito em julgado, sou réu primário, ficha limpa”.

Atualmente, o deputado presidente a Comissão de Defesa Civil da Alerj, responsável por coordenar ações de prevenção a desastres nas cidades do RJ.

TH não tinha sido encontrado em casa, um condomínio de luxo na Barra da Tijuca, mas acabou localizado em outro conjunto de residências de alto padrão no mesmo bairro.

Ele é investigado por tráfico de drogas, corrupção e lavagem de dinheiro, além de suspeitas de envolvimento na negociação de armas com o Comando Vermelho (CV).

Para o MPRJ, TH utilizou o mandato para favorecer o Comando Vermelho, inclusive nomeando comparsas para cargos na Alerj.

A defesa de TH e dos demais presos não tinha se manifestado até a última atualização desta reportagem.

A Alerj penas disse que “prestou apoio às autoridades competentes”. Já o MDB determinou a expulsão do parlamentar dos quadros do partido.

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