Prefeitura de Guarulhos cria taxa para conservação de jazigos em cemitérios: valores de até R$ 676 em 2026. Reclamações dos moradores.

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Prefeitura de Guarulhos cria taxa anual de conservação de jazigos e vai cobrar até R$ 676 nos cemitérios, a partir de 2026

Cobrança começa a valer a partir de 1° de janeiro de 2026. Moradores reclamam de mais um custo além de impostos e serviços já terceirizados. Gestão Lucas Sanches (PL) diz que taxa busca alinhar os tributos a cidades do mesmo porte e equilibrar as contas públicas.

Fachada do Cemitério Campo Santo, na cidade de Guarulhos. — Foto: Fábio Nunes Teixeira e Jackson Argolo/Divulgação/PMG

Moradores de Guarulhos estão apreensivos com a nova tarifa que a prefeitura passará a cobrar a partir de 2026 para a conservação de jazigos e ossários nos cemitérios municipais da cidade. Os novos valores vão variar de R$ 225,53 a R$ 676,59 por ano, de acordo com o espaço ocupado.

No Cemitério Necrópole do Campo Santo, Anderson da Silva Santos, técnico de TI, já paga R$ 500 anuais a uma empresa terceirizada pela manutenção do jazigo do avô. Agora, terá uma nova despesa.

“Além do que a gente já paga, é uma taxa de limpeza, uma taxa de meio ambiente, que pegou todo mundo de surpresa: uma taxa de 680 reais, se não me engano, para pagar anualmente. E uma pessoa que recebe um salário-mínimo e ainda tem que pagar uma taxa de 600 reais?! É muito difícil”, disse.

Segundo a prefeitura, a cobrança será chamada de tarifa de conservação, modernização e limpeza, como uma espécie de taxa de condomínio para as áreas comuns dos cemitérios. Até este ano, o custo era bancado com dinheiro do orçamento municipal.

O pagamento deverá ser feito até 10 de março de cada ano, e a estimativa é arrecadar cerca de R$ 2,5 milhões anuais.

Os valores serão os seguintes, a partir de 2026:

* Nichos e columbários (ossários): R$ 225,53 (50 UFGs)
* Jazigos: R$ 676,59 (150 UFGs)

Para a auditora Thaís Evia, que recentemente acompanhou a exumação do pai, o peso será ainda maior.

“É um absurdo, né? A gente já paga por tantos impostos… E a gente vê que esse cemitério é público, vamos dizer assim… E você ter que pagar uma taxa além disso pra enterrar um ente querido é difícil”, afirmou.

As regras para pedir gratuidade também mudaram: além de estar inscrito no CadÚnico, será necessário comprovar participação em programas sociais do município.

A medida foi anunciada no mesmo período em que a Câmara Municipal aprovou o aumento do ISS (Imposto sobre Serviços) para mais de 100 categorias. Quem pagava 2% passa a pagar 3%; de 3% sobe para 4%; e de 4% vai a 5%.

A gestão do prefeito Lucas Sanches (PL) alega que a mudança busca alinhar os tributos a cidades do mesmo porte e equilibrar as contas públicas.

O atual prefeito de Guarulhos, Lucas Sanches (PL), e o ex-prefeito Guti (PSD), que governou a cidade por oito anos, até fim de 2024. — Foto: Montagem/g1/Reprodução/Câmara de Guarulhos e Prefeitura de Guarulhos

Para muitos moradores, no entanto, o impacto será pesado. Carlos Pereira Lins, carregador, perdeu a mãe recentemente e terá de arcar com a nova taxa.

“Dor dobrada. Além de perder minha mãe, eu tenho que pagar uma coisa que não vou usufruir. A prefeitura sempre fala que é pra manutenção do cemitério e o cemitério está sempre em más condições. Como que a gente pode falar que é pro cemitério?”, questionou.

O QUE DIZ A PREFEITURA

Em nota, a Prefeitura de Guarulhos afirmou que a tarifa foi criada pela gestão anterior do prefeito Guti (PSD) e que a cobrança diz respeito a jazigos que estão há décadas sob cuidado da administração municipal, mas que pertencem a famílias com condições de assumir os custos.

A gestão Lucas Sanches reforçou que famílias beneficiárias de programas sociais da cidade estarão isentas do pagamento.

O DE procurou o ex-prefeito Guti para comentar o assunto, mas não recebeu retorno até a última atualização dessa reportagem.

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