PM acusado de matar feirante na Penha começa a ser julgado nesta segunda; ‘Que o
meu filho não seja mais um’, diz mãe da vítima
O policial militar Fernando Ribeiro Baraúna é acusado de matar o feirante Pedro
Henrique Morato Dantas, de 20 anos, com tiros em abril deste ano, na Penha, Zona
Norte do Rio. Agente alegou legítima defesa.
1 de 2 Fernando Ribeiro Baraúna — Foto: Reprodução
Fernando Ribeiro Baraúna — Foto: Reprodução
O policial militar Fernando Ribeiro Baraúna
começa a ser julgado nesta segunda-feira (8), no 4º Tribunal do Júri do Rio de
Janeiro. Ele é acusado de matar o feirante Pedro Henrique Morato Dantas, de 20
anos, com tiros em abril deste ano, na Penha, Zona Norte da cidade.
Pedro foi baleado enquanto montava a barraca de pastéis onde trabalhava. Segundo
testemunhas, o sargento — que estava de folga — abordou o jovem dizendo “não corre” antes de atirar.
A esposa do PM, que chegou logo após os disparos, teria apontado Pedro como
envolvido em um desentendimento dentro de uma boate onde o casal estava. A
versão foi contestada por familiares e colegas do feirante.
Fernando foi preso em flagrante e teve a prisão convertida em preventiva. Ele
responde por homicídio qualificado e usou a arma da corporação no momento do
crime.
Em sua defesa, o policial alegou legítima defesa, afirmando que Pedro tentou
esfaqueá-lo.
‘QUE O MEU FILHO NÃO SEJA MAIS UM’
Ao DE, a nutricionista Michela Morato, mãe de Pedro, disse que desde a morte do
filho “a vida não é mais a mesma”.
Pedro era o mais velho de três irmãos e vivia com a família em Realengo, na Zona
Oeste do Rio. Natural de Pedro de Toledo, no interior de São Paulo, ele havia
retornado à capital fluminense em 2021.
2 de 2 Pedro Henrique Morato Dantas tinha 20 anos e trabalhava como feirante —
Foto: Reprodução
Pedro Henrique Morato Dantas tinha 20 anos e trabalhava como feirante — Foto:
Reprodução
“Após essa covardia com meu filho, os dias têm sido muito difíceis. Não temos
mais uma noite de sono. O nosso domingo não é mais o mesmo. A vida não é mais a
mesma coisa”, lamentou Michela.
Ela descreveu o filho como “um menino muito brincalhão, amoroso” e cobrou
justiça:
“É uma dor que não tem como explicar. Esse homem destruiu todas as pessoas que
gostavam de Pedro. A nossa expectativa é que as autoridades o condenem. Porque o
meu filho não pode ser só mais um. Isso não vai trazer meu filho de volta, mas
vamos poder ficar em paz e ter a certeza de que a justiça foi feita.”
A reportagem procurou a defesa do policial militar, mas não obteve retorno.
A Polícia Militar também não
informou o andamento do Processo Administrativo Disciplinar (PAD), que pode
levar à exclusão do agente da corporação.