Conheça a trajetória de Sérgio Clérice, maior artilheiro brasileiro no futebol italiano, exaltado por Ancelotti

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Conheça “El Gringo”, brasileiro com mais gols no futebol italiano e exaltado por Ancelotti

Ex-atacante Sérgio Clérice, hoje com 84 anos, já foi técnico e empresário e ganhou biografia recentemente

Conheça Sérgio Clérice, o maior artilheiro brasileiro do futebol italiano [https://s04.video.glbimg.com/x240/13909743.jpg]

De Maradona a Carlo Ancellotti, o brasileiro Sérgio Clérice encantou quem o viu jogar pelos gramados da Itália entre os anos 1960 e 1970. “El gringo”, como era conhecido, fez sucesso por onde passou. Ao todo, são 187 gols no futebol italiano, sendo o jogador do Brasil que mais balançou as redes na “Terra da Bota”.

Clérice nasceu em São Paulo e é filho de mãe italiana, o que possibilitou o ingresso no futebol da Itália, que só permitia que jogadores estrangeiros atuassem por lá se houvesse alguma ligação familiar com o país.

– Eu fiz uma boa carreira lá. Todos os clubes que passei eu fui bem. Eu estava servindo ao Exército e meu major era técnico do Palmeiras. E ele foi para a Portuguesa Santista e, sabendo que eu jogava, ele perguntou se eu queria jogar. Joguei contra o Santos, um empate 0 a 0 com o time do Pelé. Quando acabou o jogo, os portugueses estavam arrecadando dinheiro para dar para gente. Um italiano estava vendo esse jogo e veio perguntar se eu queria jogar na Itália. Eu topei – contou o ex-jogador, hoje com 84 anos.

Sérgio Clérice também foi técnico e, entre tantos jogadores revelados sob seu comando, um chama a atenção: Dorival Júnior, à época apenas Júnior. Era volante da Ferroviária, time de Araraquara-SP, onde o ex-artilheiro reside atualmente. Jogou na equipe grená e no Palmeiras ao retornar da Itália.

– Eu ganhei um pouco de dinheiro, mas não como hoje. Se eu estava na Itália neste período, fazendo o que fiz na Itália, eu comprava Araraquara. É muito dinheiro. Cada um tem seu período e eu tive o meu. Gostei da Itália, lembro o que fiz, tenho amigos na Itália.

A história dele virou livro pelas mãos do jornalista Rodrigo Viana. A obra “El Gringo, o vilão elegante”, foi lançada recentemente e chegou ao técnico da Seleção Brasileira, Carlo Ancellotti, que telefonou para Clérice após receber a biografia.

– Envie para CBF o livro. Imediatamente, o fã reconheceu o ídolo e pediu para falar com Clérice pelo telefone. “Ele lembrou de minha passagem pelo Bologna e, principalmente, pelo Napoli”, disse Sérgio Clérice, que, àquela época, era o artilheiro estrangeiro mais falado da Itália – escreveu Viana em seu perfil nas redes sociais.

O jogador chegou à Itália com 17 anos e foi jogar no Lecco. Antes de uma partida em Roma, foi ao Vaticano e conheceu o papa.

– Eu tive a possibilidade de ver o Papa Paulo VI na minha frente e beijar a mão dele – lembrou.

Tamanho sucesso na Itália, sobretudo no Napoli, onde foi artilheiro na campanha histórica do vice-campeonato nacional em 1974-1975, fez de Clérice, chamado de “El gringo”, um ídolo até mesmo de Diego Armando Maradona.

– Eu estava viajando e ele estava na sala de espera. Eu estava passando e ele que me chamou. Pô… ele jogou no Napoli, conhecia a história do clube. Quando eu vi, pensei: “Maradona me chamando, que isso!”. Conversei um pouco com ele e chamaram para o embarque. Vi ele jogar e era um baita jogador.

– O encontro com o Maradona no aeroporto, depois que ele parou de jogar, é muito emblemático porque o Maradona reconhece ele e diz: “Em Nápoles, eu sou o número um e você é o número dois da história” – contou Rodrigo Viana.

Rodrigo Viana é jornalista em Araraquara e conhece Clérice desde criança. Foi treinado por ele em uma escolinha de futebol e logo de cara se apaixonou pela história.

– Houve um chamamento da própria família. Os filhos se reuniram e me pediram algo que também já estava em mim. Livro dá trabalho, tem o tempo de pesquisa, elaboração, mas não tive como dizer não. Faltava colocar na história quem é da história. Achei que era um dever fazer esse livro.

Além de entrevistas, Viana foi a fundo na história de Clérice revisitando almanaques dos clubes pelos quais ele atuou, além de pesquisas em jornais e arquivos da época.

– Não dava para deixar um jogador com o número de gols que ele tem não registrado. Isso não era falado. Ele era um outsider. Não havia uma avalanche de mídias sociais e portais, a cobertura brasileira era pequena. Ele não jogou Copa do Mundo porque não quis se naturalizar italiano. Eu entendi que o livro iria colocar ele nesse lugar dele – contou.

– [Clérice foi] Um gigante. Um cara com uma boa técnica, mas com uma força absolutamente descomunal. Esses gols que a gente via com Ronaldo e Adriano, de arrancada, a maioria dos gols dele foi dessa maneira. E ele também marcava de cabeça, de falta, pênalti.

– Esse cara foi tão grande, tão grande, que ele não precisou contar que ele foi. Ele só foi. E tudo que ele fez deu certo. Ele foi o maior brasileiro da Itália com número de gols, foi técnico do Palmeiras sucedendo Telê Santana, foi técnico do Santos sucedendo Pepe. Depois, como empresário, levou o Evair para o Atalanta, o Sonny Anderson para o Milan, o Élber para o futebol alemão. Ele tinha esse olhar. Alcançou sucesso como jogador, técnico e empresário.

O personagem principal do livro se emocionou ao ver sua história devidamente registrada para sempre no mundo da bola.

– Não esperava que o livro ficasse assim, mas quando eu vi o livro e comecei a ler um pouco, é tudo aquilo que fiz na Itália. Tudo. Eu me emociono. Vem tudo na minha cabeça – contou.

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