Celso Amorim: ameaça militar dos EUA é ‘preocupante’, mas não muda julgamento de Bolsonaro
O assessor especial de Lula, Celso Amorim, expressou sua preocupação em relação à menção feita pelo governo de Donald Trump a uma possível resposta militar contra o Brasil. Para ele, tal declaração cria um ambiente desfavorável para as negociações entre os dois países. Amorim destacou que, apesar da gravidade da situação, confia na independência do Supremo Tribunal Federal (STF) brasileiro em relação ao julgamento de Jair Bolsonaro e outros réus.
A porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que os EUA estão dispostos a utilizar meios militares para proteger a liberdade de expressão em escala global, destacando uma possível condenação de Bolsonaro. Amorim criticou essa postura, considerando-a uma tentativa inútil de pressão sobre o judiciário brasileiro. Ele ressaltou a importância de um posicionamento ético e diplomático adequado.
Amorim, ex-chanceler e conselheiro de Lula em assuntos internacionais, alertou para a dificuldade de distinguir entre bravatas e ameaças. Para ele, mesmo que uma ação militar contra o Brasil seja improvável, é extremamente preocupante e não contribui para a resolução de questões. O embaixador enfatizou a necessidade de um ambiente favorável para negociações construtivas.
Em relação à cooperação militar, Amorim mencionou o interesse do Brasil em estabelecer parcerias com outros países como a China e a Índia. Ele esteve recentemente em Pequim para acompanhar celebrações e reforçou a importância de desenvolver projetos conjuntos. O embaixador ressaltou a necessidade de uma cooperação mútua, evitando dependências externas ao país.
Sobre a presença militar dos EUA perto da Venezuela, Amorim condenou a possibilidade de intervenção armada na região, considerando-a inadmissível. Ele expressou preocupação com a movimentação de navios americanos no Caribe e próximo à costa venezuelana, alegando que isso vai contra os princípios das Nações Unidas e da OEA. Amorim teme uma resolução favorável aos interesses dos EUA.
Diante das tensões entre Rússia e Otan, Amorim alertou para a crise no Leste Europeu, destacando a importância do diálogo e da diplomacia para evitar conflitos. Ele ressaltou o papel do Brasil, em conjunto com a China, na proposição de um roteiro para promover discussões e evitar crises maiores. O embaixador destacou a complexidade da situação atual e a necessidade de um esforço conjunto pela paz.