O “bispo” do Vasco: como Nuno Moreira mistura a paixão pelo xadrez com o dia a
dia no futebol
Atacante aprendeu a jogar sozinho e brinca sobre nunca ter sido derrotado pelos
companheiros de clube no tabuleiro: “Aqui foi muito fácil”
Nuno Moreira revela idolatria por Coutinho desde a infância: “Nunca falei para
ele”
O campo como um tabuleiro de xadrez. É dessa forma que Nuno Moreira traduz o
futebol. O jogo milenar se transformou em uma das grandes paixões do atacante e
o seu principal hobby nos tempos livres desde os primeiros anos como jogador
profissional. Das peças, o atacante do DE
afirma que aprendeu lições
que ajudam, inclusive, no dia a dia do futebol e associa as posições no gramado
ao tabuleiro.
– Me vejo como o bispo (no tabuleiro). O bispo joga na diagonal, e eu, como
ponta-esquerda, fazendo a diagonal para dentro, posso andar pelo campo todo.
Acho que o Coutinho tinha que ser a dama porque pode andar no meio, pelos lados
e também pela importância que ele tem na nossa equipe. Assim como a dama, ele é
a peça mais valiosa – brincou Nuno.
Nuno conversou com a reportagem do ge e contou detalhes sobre sua outra paixão
para além do futebol. O encontro no CT deixou a impressão de que, se fosse
possível, o português poderia falar por horas sobre o xadrez, que faz seus olhos
brilharem de empolgação ao explicar os detalhes do jogo. Confira o vídeo
completo da reportagem do Globo Esporte no topo da matéria.
A vontade de aprender o esporte, no entanto, aconteceu já aos 19 anos, quando
atuava no Sporting, de Portugal, como detalhou:
– Eu vivia com dois amigos e vimos a série “Gambito da Rainha”. Conta a história
de uma criança que não sabia jogar e, rapidamente, se tornou muito boa até ser
campeã do mundo. Adoramos a série e começamos a jogar uns contra os outros
on-line. Depois que saí do Sporting, nunca parei de jogar. Comecei a viver
sozinho, todos os almoços e jantares eram vendo vídeos de xadrez. Ficou até
hoje.
O jogador se debruçou sobre o hobby e aprendeu sozinho com vídeos on-line para
descobrir novas jogadas e armadilhas para vencer os adversários no tabuleiro
virtual. Como um competitivo nato, o camisa 17 do Vasco define que não gosta de
perder e só emenda muitas partidas on-line no xadrez com sequência de vitórias.
Quando perde “uma ou duas”, já desliga e sai do celular.
Com os companheiros de Vasco, isso não é uma dor de cabeça. Seu parceiro no lado
esquerdo do campo, Lucas Piton, virou seu principal “pato” no tabuleiro. Ele e
outros jogadores já se encontraram algumas vezes on-line para jogar, mas Nuno
não encontrou alguém à altura para desafiá-lo no xadrez.
– O Piton me viu jogar e disse que já tinha jogado, que tinha tido aulas. Eu
fiquei apreensivo e pensei: “deve ser melhor que eu”. Mas depois vi jogar e vi
logo que não tinha nível para mim. Às vezes, o Zuccarello e o Estrella
também jogam. O Zuccarello é o mais perto do meu nível.
Sem o ritmo acelerado dos jogos na Data Fifa, Nuno teve ainda mais tempo para o
seu sagrado xadrez entre os dias de atividades no CT Moacyr Barbosa.
Adaptado ao Rio de Janeiro e ao Vasco, Nuno Moreira fala com muito carinho do
Brasil e demonstra isso no dia a dia nas redes sociais. Com a namorada Inês, ele
registra a vida além de jogos e treinos, e os momentos de turista na cidade.
– Eu já tinha muita curiosidade de conhecer o Brasil. Antes de saber que eu
vinha para o Vasco, já queria vir de férias com a minha namorada. Quando viemos,
embora a trabalho, quisemos conhecer quando tivesse alguma folga. Por isso,
vamos muito ao Cristo (Redentor), Bondinho, fomos ao jogo do Brasil no Maracanã
também para saber como era o ambiente de um jogo da Seleção.
Ainda desconhecido, Nuno chegou ao Vasco em março deste ano, comprado do Casa
Pia, de Portugal. Logo de cara, virou titular indiscutível e caiu nas graças da
torcida vascaína. O atacante de 26 anos já soma seis gols e seis assistências em
36 partidas pelo time de São Januário, mas imagina que pode entregar ainda mais
no próximo ano, quando tiver uma pré-temporada adequada e o merecido período de
descanso.
