Era o que eu mais sonhava: número de cirurgias para reconstrução das mamas cresce na região de Campinas
Direito à cirurgia foi ampliado em julho, quando uma nova lei entrou em vigor.
Lei amplia direito à reconstrução mamária pelo SUS e por planos de saúde
O número de cirurgias para reconstrução das mamas tem aumentado anualmente desde 2020 na região de Campinas (SP). Só no ano passado, foram realizadas 297 internações para os procedimentos – total que supera em 39% a quantidade registrada pela Secretaria Estadual de Saúde em 2020, quando foram 215.
“O que eu mais sonhava era com a reconstrução. Eu nem me importava se ia sofrer na cirurgia, porque é sofrido, né? Mas eu estava feliz, eu estava feliz. […] Eu me senti bonita”, resume a revendedora de cosméticos Claudinei Bolivio.
A cirurgia fez parte do tratamento contra o câncer que a revendedora enfrentou desde 2004. Da retirada das mamas até a reconstrução, ela esperou três anos.
“[Foi] Terrível, porque eu tinha uma mama muito grande, eu usava tamanho 52. Eu já estava me imaginando sem. Eu entrei em desespero, né?”, relembra.
A espera de Claudineia foi grande, mas a amiga dela, Vera Figueiredo, teve que aguardar ainda mais. A aposentada ficou 10 anos sem as mamas após retirar para tratar um câncer em 2020.
Em julho, o governo federal sancionou uma lei que amplia o direito à cirurgia de reconstrução de mamas pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Antes, o procedimento era garantido para mulheres em tratamento de câncer e, com a nova legislação, qualquer mulher que viva uma situação que cause mutilação pode requerer a cirurgia.
A CIRURGIA DE RECONSTRUÇÃO
Mastologista e coordenador do setor de oncologia do Hospital da Mulher da Unicamp (Caism), César Cabelo dos Santos explica que o procedimento repara uma mudança causada por mastectomia, cirurgia para retirada de parte ou de toda a mama.
“A gente tenta reparar, fazer com que a mama volte a ter aquele formato adequado. E faz parte da reconstrução a gente simetrizar o outro lado também, porque a mama é um órgão duplo, então essa harmonia é muito importante para as mulheres”, explicou o médico.
Segundo ele, a escolha do método depende do tipo de mama, da quantidade de tecido disponível, da saúde da paciente e da preferência pessoal dela.
“Eu acho que vai ter uma maior procura à medida que as pacientes sejam informadas desse direito”, analisou o médico.