Vem aí o “Gre-Nal dos Coadjuvantes”: Inter e Grêmio são meros figurantes no Brasileiro
Eliminados nas Copas e sem pretensões no Campeonato Brasileiro, os gigantes gaúchos chegam neste ponto da temporada vivendo momentos deprimentes.
Ocorre um fenômeno peculiar abaixo do Rio Mampituba: os dias que antecedem o clássico geralmente são denominados como Semana Gre-Nal. Neste intervalo de tempo, não há evento esportivo ou mesmo geopolítico que desvie a atenção do confronto entre os dois gigantes gaúchos.
Também não é raro que, devido à importância ou acontecimentos pitorescos, eventuais clássicos ganhem sua própria alcunha: Gre-Nal do Século, Gre-Nal Farroupilha, Gre-Nal dos Banheiros Químicos. Pois a semana que antecede o clássico do próximo domingo, no Beira-Rio, começou bastante melancólica. E o confronto que se avizinha muito bem poderia ser definido como Gre-Nal dos Coadjuvantes.
Porque tanto Inter quanto Grêmio chegam neste ponto da temporada vivendo momentos deprimentes, e os resultados do fim de semana são uma espécie de síntese desta realidade. Com mais de 40 mil pessoas na Arena, reestreia de Arthur com a camisa tricolor, o Grêmio saiu derrotado pelo Mirassol, praticamente sem conseguir atacar a meta rival. Pouco depois, no Allianz Parque, o Inter se viu sovado pelo Palmeiras: derrota de 4 a 0 no primeiro tempo e uma desesperadora ausência de competitividade.
A temporada do Inter é especialmente decepcionante porque, em algum momento, a equipe chegou a prometer grandes ambições. Mas as eliminações desoladoras na Copa do Brasil e na Libertadores parecem ter sido a pá de cal no trabalho de Roger Machado, que já vinha implodindo a passos largos. A impressão é que a cada parada no calendário a equipe volta com um desempenho pior, a ponto de o risco de rebaixamento não ser apenas um delírio dos colorados mais pessimistas.
Pelo lado gremista da força, o ano vem sendo uma constante tentativa de evitar um desastre. Mano Menezes assumiu após a experiência frustrada com Gustavo Quinteros, mas a evolução de desempenho foi muito tímida, se é que houve, tanto que a equipe foi eliminada de forma muito precoce nas Copas, diante de adversários modestos (CSA e Godoy Cruz). No entanto, a compra dos direitos da Arena e a chegada de nomes importantes, como Arthur e Willian, alimentam um tímido otimismo nos tricolores.
A verdade é que o ânimo para o clássico reflete o momento dos clubes, que hoje são convictos coadjuvantes no Brasileiro, mantendo um olho em alguma modesta vaga em competições continentais e o outro nos perigos do descenso. Não é muito diferente do que vem acontecendo nos últimos muitos anos — há tempos, Inter e Grêmio não demonstram força para brigar por grandes títulos. É comum dizer que o Gre-Nal é um “campeonato à parte”. De fato, a triste conclusão é que hoje o perrengue contra o rival hoje parece a única conquista possível.