A Polícia Federal concluiu que seis quadros apreendidos em São Paulo durante operação contra a chamada “máfia do INSS” foram produzidos por dois artistas de renome: Emiliano Di Cavalcanti e Tomie Ohtake. A Operação Cambota recolheu diversos quadros, esculturas e obras de arte em imóveis ligados aos investigados. O grupo é acusado de movimentar mais de R$ 6,3 bilhões em descontos ilegais de aposentados.
Segundo a PF, cinco quadros são de Portinari, ícone do modernismo brasileiro que participou ativamente da Semana de Arte Moderna de 1922. Obras do pintor costumam atingir valores entre R$ 2 milhões e R$ 3 milhões. Outro destaque do acervo é uma obra de Tomie Ohtake, artista plástica nipo-brasileira reconhecida por explorar o abstracionismo lírico, com formas orgânicas, curvas fluidas e cores intensas.
A pedido do g1, especialistas avaliaram fotos das apreensões e indicaram que parte das pinturas pode pertencer a consagrados artistas, além de Portinari e Ohtake. O acervo recolhido pela PF pode incluir dois quadros de Cândido Portinari, um dos principais nomes da arte brasileira. Obras de Portinari podem ser avaliadas entre R$ 3 milhões e R$ 5 milhões, dependendo do tamanho e da técnica empregada.
Outros trabalhos apreendidos podem ser atribuídos a Orlando Teruz, Dario Mecatti e esculturas do artista Flory Gama. As estátuas de bronze, incluindo reproduções de “O Pensador” de Auguste Rodin, e esculturas de caráter sensual e erótico completam o acervo. A autenticidade das obras só pode ser atestada por peritos ou curadores, mas a PF acredita que os integrantes do esquema usavam o dinheiro desviado do INSS para investir em arte.
O processo de autenticação de obras de arte é minucioso e envolve diversas etapas, como análise organoléptica, microscopia da pincelada e análise de pigmentos. As apreensões foram feitas em endereços ligados ao advogado Nelson Wilians e ao empresário Maurício Camisotti, ambos envolvidos no esquema de desvios de aposentadorias e pensões do INSS. O prejuízo pode chegar a R$ 6,3 bilhões entre 2019 e 2024.
A investigação revelou um amplo esquema de fraudes, com propina a servidores do INSS, assinaturas falsas e associações de fachada cadastrando aposentados e pensionistas sem autorização. A PF prendeu Antônio Carlos Camilo Antunes, conhecido como o “Careca do INSS”, e o empresário Maurício Camisotti. A defesa dos investigados nega as acusações e garante colaboração com as autoridades para esclarecer os fatos. O trabalho conjunto da PF e CGU desmantelou a organização criminosa e interrompeu os desvios milionários.