O “afago” que o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, fez no pastor evangélico Silas Malafaia não é uma aproximação – mas manutenção de um relacionamento histórico.
No último domingo (14), Paes participou do culto de celebração de aniversário do pastor, e, no púlpito, disparou: ‘mexeu com o Silas Malafaia, mexeu comigo’. Em todas as eleições que concorreu, Paes contou com o apoio ou, na pior das hipóteses, com a neutralidade das principais lideranças evangélicas do país. Além do bom relacionamento com os pastores, Paes visita as igrejas evangélicas mesmo fora da eleição e nunca abraçou as teses da esquerda que afastam esse campo político de lideranças evangélicas, como a legalização do aborto.
Ao se tornar o conselheiro mais importante de Bolsonaro, Silas Malafaia, em tese, poderia se afastar de Eduardo Paes, por conta de sua relação pessoal com Lula. Mas, mesmo quando o bolsonarismo tinha mais foco na eleição para a Prefeitura do Rio foi capaz de derrotar Paes. Na eleição contra Crivella, Bolsonaro fez corpo mole na campanha do pastor. Na época, Bolsonaro declarou que o Paes era muito trabalhador e deu o seguinte recado para seus eleitores: ‘se quiserem, tem um outro nome aí’, referindo-se a Crivella.
Foi diferente na eleição recente contra Ramagem, em que o bolsonarismo agiu pesado para tentar eleger o ex-delegado da Polícia Federal, que saiu derrotado da eleição. Em 2026, o campo bolsonarista está menos interessado na disputa pelo governo do Rio e mais atento à eleição para o Senado. A prioridade é reeleger Flávio Bolsonaro, favorito na corrida, mas com uma vulnerabilidade: as pesquisas indicam que ele aparece como primeira opção do eleitor, mas não como a segunda opção. No próximo ano, duas vagas estarão em disputa.
Por sua proximidade com Lula e pelo apoio que o presidente deu ao Rio – trazendo grandes encontros internacionais, como o G20 e o Brics, e pressionando pela revitalização do Galeão, que impulsionou o turismo -, Paes perderia o voto da esquerda se não estivesse ao lado dele. No entanto, seus principais candidatos a deputado federal, como Pedro Paulo e Laura Carneiro, estariam mais confortáveis em um palanque à direita, ao lado de Tarcísio e Ratinho. Por ora, porém, a estratégia é Paes “jogar parado”, por conta do seu amplo favoritismo e da desorganização da oposição, além da grande impopularidade do governador Claudio Castro.