PMs em perseguição atiram 18 vezes em inocente: imagens das câmeras corporais revelam dúvidas dos agentes

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‘Acho que é esse!’: diálogo mostra que PMs não tinham certeza sobre qual carro furou blitz antes de atirar 18 vezes em motorista

Câmeras corporais mostram que PMs se contradisseram durante perseguição e só depois ajustaram a versão ao perceberem a existência de imagens externas.

Câmeras corporais registram conduta de PMs em perseguição com inocente baleado

Câmeras corporais registram conduta de PMs em perseguição com inocente baleado

As imagens das câmeras corporais usadas por policiais militares na perseguição que terminou com o motorista de aplicativo Bruno Bastos Patrocínio baleado revelam que os agentes tinham dúvidas sobre qual carro havia furado a blitz antes de iniciar a perseguição e, depois, atirar quase 20 vezes.

O episódio aconteceu em 10 de novembro de 2024, na Av. Pastor Martin Luther King Jr., em Inhaúma, na saída da Linha Amarela, durante uma operação do Batalhão de Policiamento em Vias Expressas (BPVE).

O inquérito da Polícia Judiciária Militar concluiu que os PMs não tinham certeza das características do veículo que deveriam perseguir e mudaram a versão dos fatos apenas após tomarem conhecimento das imagens de câmeras de segurança da rua.

‘ERA ESSE CARRO?’ ‘NÃO, NÃO ERA”

Nos vídeos das câmeras corporais, obtidos com exclusividade pelo RJ1, os policiais discutem entre si sobre qual veículo seguir.

“É um carro preto!”, diz um. “É bonde. É bonde!”, emenda outro.

Metros adiante, mais indefinição. “Eu acho que é esse carro, mané!”, fala o militar.

“Ah, não é, não. Não é não. É um carro parecido”, rebate o colega.

Em outro momento, o PM que dirige pergunta: “Eu vou pra onde?”.

O outro responde: “Não sei, pô”.

No entanto, Bruno não foi o alvo correto, resultando em quatro tiros atingindo seu corpo. Ele tentou parar o carro puxando o freio de mão, enquanto fazia gestos com as mãos e gritava pedindo que parassem.

Ele foi atingido quatro vezes e só conseguiu parar o carro ao puxar o freio de mão.

Em seguida, os agentes entraram no hospital em busca de informações sobre o motorista.

Na saída, um PM ainda justifica os quase 20 disparos: “Eu ia dar mais, mas eu fiquei com medo porque eu não sabia. Ele demorou pra c*. Por que ele não saiu logo, cara? Ele continuou vindo com o carro.”

O inquérito concluiu que houve irregularidades na conduta e apontou indícios de crime doloso, quando há intenção de matar. O caso foi encaminhado em julho ao Ministério Público Militar, que ainda analisa se denunciará os envolvidos.

Quatro policiais participaram da perseguição. Três respondem a processo criminal:

– 1º sargento Fernando Gonçalves Pereira
– 2º sargento Simon Santos do Nascimento
– cabo Max Moraes Braga Alves

A PM informou, em nota, que os policiais seguem trabalhando e que não há decisão judicial que determine a suspensão dos agentes.

O soldado Alencar Nascimento, que dirigia a viatura, não foi indiciado.

Dez meses após o episódio, Bruno segue com quatro balas alojadas no corpo. Ele não consegue trabalhar como antes e foi diagnosticado com transtorno de estresse pós-traumático.

A Justiça do Rio fixou indenização de R$ 40 mil por danos morais, mas negou pedidos de novo carro, assistência médica, lucros cessantes e desbloqueio do aplicativo de corridas que usava. A defesa já recorreu.

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