Feira de Santana: Ruas com novelas, jogadores e salmos; a origem dos nomes. Em Criações Urbanísticas Espontâneas, moradores refletem paixões em registros.

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Feira de Santana tem ruas com nomes de novelas, jogadores de futebol e até salmos; entenda origem dos títulos

Segunda maior cidade da Bahia completa 192 nesta quinta-feira (18). Historiadores avaliam como o crescimento de ocupações populares influenciou no registro dos logradouros.

Bairros de Feira de Santana têm ruas com nomes de novelas, jogadores de futebol e planetas — Foto: TV Subaé

Segunda maior cidade da Bahia, Feira de Santana não se destaca apenas pela abrangência da população, com mais de 616 mil habitantes, ou pela localização estratégica — a “Princesa do Sertão” é a principal ligação entre a capital e o interior do estado através da BR-324.

O município, que completa 192 anos nesta quinta-feira (18), carrega parte da identidade cultural brasileira até no registro de ruas e bairros. Da paixão por futebol e novelas a referências religiosas e aeronáuticas, a cidade revela, por meio da nomenclatura, seu perfil espontâneo e criativo.

Para celebrar a data, o DE ouviu historiadores que relatam a história da cidade e mostram as influências na ocupação populacional. Conheça a origem dos nomes que marcam Feira de Santana.

O TÍTULO DA CIDADE

De acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Feira de Santana foi fundada oficialmente em 1832. Na época, a população era majoritariamente formada por feirantes, que tiravam o sustento das terras que compõem a cidade. Desse comércio surgiu o avanço e o crescimento da região.

Mas a história do nome de Feira de Santana é mais complexa do que se imagina. Segundo o historiador e professor Paulo Medford, a evolução do nome da cidade passou por várias etapas, e a versão oficial que conhecemos hoje foi estabelecida apenas entre as décadas de 1920 e 1930. Antes disso, o município foi conhecido como Santana dos Olhos d’Água.

CRIATIVIDADE NO REGISTRO DOS BAIRROS

Quanto aos bairros de Feira de Santana, a nomeação se deu de forma burocrática, por meio de projetos urbanísticos realizados pelo poder público, mas também por iniciativa dos próprios moradores em meio ao crescimento intenso da cidade entre as décadas de 1970 e 1990.

De acordo com o historiador e guia de turismo Carl Lima, a criação do Centro Industrial do Subaé permitiu que a criatividade da população florescesse na ausência de regulamentação oficial.

“**Muitos loteamentos surgiam de forma espontânea e os próprios moradores escolhiam os nomes das ruas. Isso fez com que novelas, times de futebol, santos e até aeronaves virassem homenagens no mapa de Feira**”, explica o historiador.

Como pontua Carl, os moradores escolhiam nomes que refletiam suas paixões culturais. Com o tempo, mesmo com a formalização dos processos pela prefeitura, muitos desses títulos foram mantidos, transformando a cidade em um registro vivo da cultura brasileira.

URBANIZAÇÃO PLANEJADA E CONJUNTOS HABITACIONAIS

Segundo Paulo Medford, o órgão de Habitação e Urbanização da Bahia (Urbis) foi responsável pela construção de vários conjuntos habitacionais com o prefixo “Feira”, entre 1969…

Medford pontua que, antes da criação da Lei de Perímetro Urbano, muitos desses
nomes não eram registrados oficialmente. Os nomes eram escolhidos com base em
referências do momento, como personagens de novelas, craques do futebol,
aeronaves, locais famosos citados na televisão, isso era uma forma de dar
identidade ao bairro e criar um senso de pertencimento.

Com o tempo, a prefeitura passou a organizar esse processo, mas os nomes
informais — resultado dessa influência cultural — foram mantidos. Para o
historiador, cada bairro conta uma história.

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