Obstetras do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip) entregaram cartas de demissão nesta quinta-feira (19), segundo o Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe). O local, que fica no bairro dos Coelhos, no Centro do Recife, é um dos principais hospitais de referência do Brasil, com capacidade para lidar com casos de alto risco.
Conforme o Simepe, os profissionais enfrentam sobrecarga de trabalho, dificuldades estruturais e baixa remuneração. Em 14 de julho, 48 obstetras sinalizaram intenção de demissão coletiva se o hospital não garantisse melhorias. Entretanto, não houve avanço nas negociações com o hospital.
De acordo com a médica Carol Tabosa, presidente do Simepe, pelo menos 33 médicos já tinham entregue cartas de demissão, até o meio-dia desta quinta-feira. O Imip disse que há, atualmente, 101 ginecologistas e obstetras em seu quadro funcional.
Eles atuam na maternidade de alto risco do instituto, que é uma entidade filantrópica que recebe pacientes de todo o estado. Somente em 2024, foram quase 5 mil partos no complexo hospitalar, e mais de 1 milhão de consultas, cirurgias, transplantes e outros procedimentos.
O sindicato disse que os obstetras que pediram demissão vão cumprir o prazo legal de 30 dias de aviso prévio, “assegurando a continuidade da assistência à população pernambucana enquanto a gestão do serviço toma as medidas necessárias para evitar descontinuidade no atendimento”.
De acordo com o Simepe, devido à sobrecarga, as equipes têm sofrido com a síndrome de burnout. O Imip, porém, afirma que não recebeu nenhum registro formal desses casos.
Os obstetras reivindicam reajuste nos salários brutos. Ainda segundo o Simepe, nas negociações, não houve “avanços concretos que garantam equiparação salarial, valorização e melhores condições de trabalho”.
Em apoio a obstetras do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip), o Simepe cobra melhores condições de trabalho na unidade. A presidente do sindicato afirmou que, por serem ações individuais, os pedidos de demissão são feitos de acordo com a disponibilidade dos médicos, podendo aumentar nos próximos dias.
O Imip confirmou o recebimento de 30 pedidos de desligamentos e informou que iniciou o processo de contratação de novos profissionais para recompor a equipe. O hospital também assegurou que deu início a um plano de reestruturação do serviço de obstetrícia. No entanto, o reajuste salarial proposto não atende às demandas dos obstetras, segundo o sindicato.
Por fim, foi estabelecido um reajuste salarial de 8% para hospitais do porte do Imip, mas os obstetras ainda aguardam uma proposta que atenda às suas reivindicações. A situação permanece em negociação entre a gestão do hospital, o sindicato e os médicos demissionários, na busca por uma solução que garanta melhorias nas condições de trabalho e valorização remuneratória.