Carmen Dora Brandão: história da dona da Sorveteria Bicota em Uberlândia

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Quem era Carmen Dora Brandão, dona da Sorveteria Bicota, que fez praça ‘trocar’
de nome em Uberlândia

Empresária morreu aos 83 anos na quinta-feira (18). Sorveteira mais antiga da
cidade, com quase 50 anos de história, tinha a dona Carmen Dora Brandão como
guardiã do segredo do sabor mais tradicional de Uberlândia: sorvete de coco
queimado.

1 de 3 Carmen Dora Brandão morreu em Uberlândia aos 83 anos — Foto: Divulgação

Carmen Dora Brandão morreu em Uberlândia aos 83 anos — Foto: Divulgação

Carmen Dora Brandão está eternizada em Uberlândia na forma dos seus
sorvetes artesanais que atravessaram gerações por meio da Sorveteria Bicota. A
empresária, de 83 anos, morreu na quinta-feira (18), mas a causa da morte não
foi divulgada.

O velório ocorre na Funerária Ângelo Cunha, na Avenida Getúlio Vargas, 2.052,
até 10h30. O sepultamento ocorre no Cemitério São Pedro.

A BICOTA

Em 2023, Carmen contou ao g1 a história da sorveteria, e se perguntar para um
morador de Uberlândia onde a Praça Rui Barbosa fica, provavelmente, muitos não
saberão. No entanto, se a pergunta for como chegar à Praça da Bicota, a maioria
responderá quase que instantaneamente.

Sorveteira mais antiga da cidade, com quase 50 anos de história, a Bicota ficou tão famosa que fez a praça
“trocar” de nome. E contando histórias por décadas, tinha na dona Carmen Dora
Brandão o segredo do sabor mais tradicional do comércio: o sorvete de coco
queimado.

Tudo começou em 1977, a partir da influência de uma prima de Carmen. “Minha
prima abriu uma sorveteria em Bonito (MS) e veio nos visitar. Então decidimos
abrir uma aqui também. Depois, ficou para eu e meu irmão cuidarmos”, lembrou.

Mas de onde surgiu o nome?

> “Isso na minha terra tinha aquele negócio mandar beijo, mandava a bicota,
> então virou a sorveteria da bicota, por causa disso”, explicou Carmen.

PRAÇA “TROCA” DE NOME

Quando a sorveteria foi aberta, a Avenida Floriano Peixoto passava bem próxima
ao prédio, mas anos depois, a praça foi construída. Oficialmente, o nome do
“calçadão” é Rui Barbosa, mas é conhecida popularmente como a “Praça da Bicota”,
justamente por causa da sorveteria.

> “A Avenida Floriano Peixoto passava aqui. Ficava muito cheio, os jovens vinham
> muito para cá, não tinha shopping, e aqui era o ponto de encontro. O prefeito
> da época fez o calçadão para controlar o trânsito, que não fluía. Desde essa
> época, sempre foi a Praça da Bicota”, lembrou.

2 de 3 Praça Rui Barbosa (praça da Bicota) em 16-10-1998. — Foto: Arquivo
Público de Uberlândia/Divulgação

Praça Rui Barbosa (praça da Bicota) em 16-10-1998. — Foto: Arquivo Público de
Uberlândia/Divulgação

SABORES TRADICIONAIS

Quando foi aberta, a sorveteria tinha apenas oito sabores e desde o início
Carmen se apaixonou não só pelo sorvete, mas também por fazê-lo. Até próximo da
morte, quase 50 anos depois, ela acompanhou diariamente a produção, mantendo a
qualidade que sempre consagrou o estabelecimento.

> “Venho cedo, vou embora depois que fecha. Eu gosto de fazer e gosto de ver, de
> acompanhar as frutas sendo selecionadas, fazer tudo isso é muito bom. Tem
> alguns sabores que eu faço questão de fazer”, afirmou em 2023.

Um desses sabores que ela fazia questão de produzir era o de coco queimado. Não
à toa é o que mais se destaca nas vendas até hoje.

> “É uma coisa que só a gente tem, porque é muito difícil de fazer, então ele
> vende muito. Você não vê em outra sorveteria assim, é muito complicado fazer
> sem sabor artificial”, completou.

Dos oito sabores do início, alguns seguem no cardápio, como ameixa, milho verde
e coco branco. Contando todos os sabores, o estabelecimento vende mais de 60 kg
de sorvete em dias úteis.

O volume de vendas é ainda maior no fim de semana e em feriados. Por mês, são
mais de duas toneladas vendidas.

NEGÓCIO DE FAMÍLIA

3 de 3 Afonso e Carmen, recebendo comenda na Câmara Municipal de Uberlândia —
Foto: Carmen Dora Brandão/Arquivo Pessoal

Afonso e Carmen, recebendo comenda na Câmara Municipal de Uberlândia — Foto:
Carmen Dora Brandão/Arquivo Pessoal

Quem cuidava da sorveteria junto com Carmen era o irmão Afonso Maria Brandão,
que faleceu durante a pandemia. A perda foi difícil para a sorveteira, que mesmo
assim seguiu no comércio.

Mantendo as tradições e traços acolhedores, a sorveteria também buscou, em
família, a expansão. Mas o sorvete não perdeu qualidade e segue passando pelo
crivo rigoroso de Dona Carmen. A produção segue concentrada na sorveteria da
praça.

> “A gente tem que manter nosso gosto e nosso padrão, para sempre agradar os
> clientes”, finalizou.

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