Chacina da Sapiranga: dois primeiros réus são condenados a 557 anos de prisão
Seis pessoas morreram na chacina que aconteceu no dia 25 de dezembro de 2021. 23 são acusados do crime.
Réus da chacina da Sapiranga vão a júri popular
Os dois primeiros réus julgados por participação na Chacina da Sapiranga, que deixou seis mortos no Natal de 2021, em Fortaleza, foram condenados a 557 anos de prisão pelo tribunal do júri. Os dois condenados são Nilson Lima Nogueira Filho e Vinicius Rian Inácio da Silvano.
Nilson Lima foi sentenciado a 295 anos e cinco meses de prisão e Vinícius Rian a 262 anos, ambos em regime fechado. Também tiveram negado o direito de recorrer em liberdade.
Eles foram denunciados pelos crimes de homicídio consumado (seis vezes); homicídio tentado (cinco vezes); organização criminosa; e corrupção de menores. Ainda de acordo com o Judiciário, apesar dos mesmos crimes, a diferença da pena entre eles ocorre em razão de Vinícius ser menor de 21 anos à época dos fatos, o que configura como atenuante, conforme o Código Penal.
“Ao todo, 23 réus foram pronunciados por envolvimento no caso. Os demais acusados devem ir a julgamento quando a sentença de pronúncia (decisão que submete o réu a júri popular) transitar em julgado, ou seja, quando não houver mais a possibilidade de recursos. Nilson Lima segue preso. Já Vinícius Rian, com um mandado de prisão em aberto”, informou o TJ.
CHACINA EM CAMPO DE FUTEBOL
Os cinco mortos eram todos homens e morreram no mesmo local onde houve a chacina. Todos estavam em um momento de celebração de Natal em um campo de futebol quando foram surpreendidas pelos autores do crime.
O ataque a tiros ainda deixou outras seis pessoas feridas. Uma das pessoas feridas morreu depois, o que elevou para seis o número de mortos na chacina. As vítimas foram identificadas como: André Alexandre Rodrigues, Israel da Silva Andrade, John Lenon Holanda, Mateus Ribeiro dos Santos e Ederlan Fausto.
O julgamento de Nilson e Rian havia sido marcado inicialmente para 14 de agosto e foi reagendado para 18 de setembro. A sessão foi realizada no Fórum Clóvis Beviláqua, em Fortaleza, na XX Vara do Júri. A pena deve começar a ser cumprida imediatamente, porém Rian está foragido e não estava presencialmente no julgamento, embora tenha sido representado pela sua defesa.
Ao todo, são 23 acusados pelo crime, dos quais quatro estão foragidos (incluindo Rian). Os demais já estão presos preventivamente. Os outros 21 réus que ainda não foram julgados estão com o processo em análise de recurso. Se o recurso for rejeitado, o julgamento deles no Tribunal do Júri será agendado. (Veja a lista de réus abaixo) Todos os réus do processo foram denunciados pelo MP do Ceará pelos seis homicídios e cinco tentativas de homicídio, com as qualificadoras de motivo torpe, perigo comum, recurso que impossibilitou a defesa das vítimas, emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido, organização criminosa e corrupção de menores.
O CRIME
A chacina ocorreu na madrugada do dia 25 de dezembro de 2021, em um local conhecido como comunidade Fronteira, no bairro Sapiranga. Conforme policiais militares que estiveram no local, horas antes da chacina, criminosos dispersaram várias famílias e amigos que confraternizavam nas ruas e calçadas do bairro.
Na madrugada, o bando atirou contra várias pessoas que celebravam o Natal em um campo de futebol, matando cinco delas e deixando seis feridas. De acordo com o Ministério Público do Ceará (MPCE), o crime ocorreu após duas lideranças de uma facção que atuava na comunidade, Raí César Silva Araújo e João Ricardo Sousa da Silva – ambos na lista de réus do processo -, migrarem para outro grupo criminoso.
Parte do grupo, no entanto, decidiu permanecer na facção na qual Raí e João Ricardo atuavam anteriormente. Os dois, então, uniram-se aos outros 20 réus do processo para executar todos aqueles que decidiram permanecer na facção antiga.