Haddad diz que fraudes na importação de combustíveis chegam a bilhões de reais
Segundo o ministro da Fazenda, o esquema de corrupção é rotineiro e se aproveita de brechas na legislação. Nesta sexta-feira (19), a Receita Federal deflagrou a Operação Cadeia de Carbono, retendo R$ 240 milhões em mercadorias.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, concede entrevista no Hotel Brasília Palace, em 3 de junho de 2025. — Foto: WILTON JUNIOR/ESTADÃO CONTEÚDO
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta sexta-feira (19) que fraudes na importação de combustíveis podem atingir bilhões de reais no Brasil. Mais cedo, a Receita Federal deflagrou a Operação Cadeia de Carbono, que reteve dois navios com R$ 240 milhões em cargas suspeitas.
“O que está mapeado, neste momento, do que pode ser objeto da operação de hoje, envolve R$ 240 milhões em mercadorias de combustível. Mas, como é uma prática rotineira desse esquema de corrupção, nós realmente estamos falando de bilhões de reais”, disse o ministro.
“Se levarmos em consideração o esquema e há quanto tempo ele vem driblando os mecanismos, aí estamos falando de bilhões”, acrescentou Haddad, referindo-se ao volume de mercadorias envolvidas nesse tipo de esquema.
A Operação Cadeia de Carbono mirou fraudes na importação e comercialização de combustíveis, petróleo e derivados. A ação aconteceu em 5 estados: Alagoas, Amapá, Paraíba, Rio de Janeiro e São Paulo.
Segundo a Receita Federal, empresas com pouca estrutura e limitada capacidade financeira têm surgido como responsáveis por cargas milionárias. A suspeita é que essas companhias estejam sendo usadas como laranjas para ocultar os verdadeiros donos das mercadorias e o fluxo do dinheiro.
Haddad afirmou, em entrevista a jornalistas, que a Receita publicará uma nova norma para ajustar as regras do desembaraço (liberação aduaneira) antecipado de mercadorias. O texto visa evitar fraudes e reforçar o controle sobre a importação de combustíveis e seus derivados.
O ministro defendeu a aprovação da lei que pune o devedor contumaz (aquele que repetidamente deixa de pagar suas dívidas), em tramitação no Congresso Nacional. “Nós estamos às vésperas, talvez, da votação definitiva da lei que pune o devedor contumaz. O Senado, depois da Operação Carbono Oculto, deu uma resposta, aprovando um relatório aprovado pela Receita Federal, de autoria do senador Efraim Filho”, disse o ministro.
Haddad afirmou que as operações fraudulentas de importação de combustíveis representam um “prejuízo enorme” para a economia nacional. Segundo o ministro, os estados mais prejudicados são o Rio de Janeiro e São Paulo, onde há uma forte concentração de consumo de combustíveis, resultando em perdas na arrecadação de ICMS.
As práticas investigadas na Operação Cadeia de Carbono estão ligadas a crimes como lavagem de dinheiro, evasão de divisas e sonegação fiscal. A Receita continua a investigação para identificar responsáveis e beneficiários finais das operações fraudulentas, reforçando o controle sobre a importação de combustíveis no país.