Lula abre debate da ONU após tarifaço e critica Trump: foco em soberania e meio ambiente

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Lula embarca neste domingo para primeira viagem aos EUA após tarifaço; presidente abre debate da ONU na terça

Discurso de Lula deve abordar soberania, democracia, multilateralismo, guerras e meio-ambiente. Agenda prevê eventos sobre COP 30, Palestina e defesa da democracia.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) embarca neste domingo (21) para Nova York, onde fará o discurso de abertura, na próxima terça-feira (23), do debate de líderes da Assembleia Geral das Nações Unidos (ONU).

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Lula faz a primeira viagem aos EUA desde que o presidente americano, Donald Trump, impôs uma sobretaxa de 50% para entrada de produtos brasileiros no país.

Com o tarifaço, Trump tentou, sem sucesso, barrar o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, condenado a mais de 27 anos de prisão pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe. O governo americano promete novas sanções diante do resultado.

Ao longo dos últimos meses, Lula e ministros criticaram Trump pela política tarifária e tentativa de interferir na soberania nacional, enquanto o presidente americano e seus assessores têm acusado o Brasil de perseguir Bolsonaro.

Na próxima terça-feira, há possibilidade de Lula e Trump se cruzarem nos corredores da sede da ONU no intervalo entre seus discursos. Tradicionalmente, cabe ao representante do Brasil abrir as falas de presidentes, primeiros-ministros e diplomatas dos países que integram a ONU. O segundo a discursar é o representante dos EUA.

O discurso de Lula só deve ser finalizado na véspera da abertura da Assembleia Geral. Há expectativa que Lula envie recados a Trump, porém de forma calibrada. Mesmo sem citar diretamente o presidente americano, falas em defesa da soberania do Brasil e críticas à imposição de tarifas terão os objetivos de marcar a posição do governo brasileiro, fazer um contraponto aos EUA e reconhecer a independência do STF no julgamento de Bolsonaro.

Trabalhado por assessores e ministros, o texto deve abordar outros temas que o presidente costuma mencionar em eventos internacionais, a exemplo de democracia, multilateralismo e reforma da ONU. Lula deve dedicar parte da fala à cobrança por mais empenho nas ações de preservação ambiental e transição energética. Como anfitrião em novembro da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas de 2025, a COP30, o governo brasileiro tenta viabilizar o financiamento por países ricos de ações contra as mudanças climáticas.

Outro tema que deve ser abordado são as guerras na Ucrânia e na Faixa de Gaza. Lula tem defendido um cessar-fogo dos conflitos.

Lula aproveitará a viagem a Nova York para se encontrar com outros governantes e realizar uma série de eventos sobre temas caros à política externa do presidente. Na segunda-feira (22), o presidente brasileiro deve participar de uma conferência convocada por França e Arábia Saudita para discutir uma “resolução pacífica” da guerra na Faixa de Gaza e a solução dos dois estados, um judeu e outro palestino.

Lula costuma chamar de “genocídio” a ação militar de Israel contra palestinos na Faixa de Gaza, iniciada após ataques terroristas do grupo Hamas. Israel, por sua vez, declarou o presidente brasileiro persona non grata no país.

Na terça (23), além da Assembleia Geral, Lula fará ao lado do secretário-geral da ONU, António Guterres, um evento sobre clima. O encontro incentiva ações dos países na COP30. O governo brasileiro também apresentará o Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF), iniciativa brasileira a ser lançada na conferência para captar recursos e financiar ações de preservação ambiental.

Na quarta (24), Lula comandará, ao lado do presidente do Chile, Gabriel Boric, e do primeiro-ministro da Espanha, Pedro Sánchez, a segunda edição do evento “Em Defesa da Democracia”. A reunião discutirá formas de fortalecer a democracia e o multilateralismo, além do combate ao extremismo, desinformação e discurso de ódio.

A comitiva completa do presidente ainda não foi divulgada. Entre os que devem acompanhar Lula na viagem estão: Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores; Ricardo Lewandowski, ministro da Justiça; Marina Silva, ministra do Meio Ambiente; Celso Amorim, assessor-chefe especial da Presidência; Janja da Silva, primeira-dama.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, foi convidado para fazer parte da comitiva de Lula e chegou a receber visto para ir aos Estados Unidos. No entanto, o governo americano limitou a circulação do ministro no país. Em entrevista ao Estúdio I da GloboNews, o ministro afirmou que as restrições impostas pelo país impediram a participação dele na Assembleia Geral e em outros eventos na próxima semana. Ele classificou as restrições de circulação impostas pelo governo americano como “inaceitáveis” e “uma afronta” e cancelou a viagem ao país.

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