Indenização por racismo: farmácia paga R$ 56 mil após verbalização de ofensas; VÍDEO

indenizacao-por-racismo3A-farmacia-paga-r24-56-mil-apos-verbalizacao-de-ofensas3B-video

‘O Negrinho não entra mais’: fala de farmacêutica contra funcionária resultou em indenização de R$ 56 mil; VÍDEO

Durante o desenrolar do processo, a rede Raia Drogasil argumentou que as declarações da funcionária foram apenas ‘uma brincadeira entre colegas’, no entanto, a Justiça do Trabalho não aceitou essa justificativa. O caso ocorreu em São Caetano do Sul, na região metropolitana de São Paulo, no ano de 2018. A rede de farmácias declarou lamentar o incidente.

A ex-funcionária Noemi Ferrari foi vítima de injúrias raciais por parte de uma colega de nível hierárquico superior logo no seu primeiro dia de trabalho, conforme denunciado em um vídeo gravado. Tanto a primeira instância quanto o Tribunal Regional do Trabalho (TRT) consideraram as falas como racismo recreativo, o que levou ao pagamento de uma indenização de R$ 56 mil à vítima.

A juíza de primeira instância fundamentou sua decisão com base em conceitos do livro ‘Racismo Recreativo – Feminismos Plurais’, do professor Dr. Adilson Moreira, que apontam que o humor racista é parte de um projeto de domínio que diminui o status cultural e material de minorias raciais. A magistrada Rosa Fatorelli classificou a ofensa como grave e capaz de afetar a dignidade e autoestima da vítima.

Além da compensação por danos morais, a Justiça constatou que Noemi trabalhava mais horas do que as registradas no ponto, fator que contribuiu para o cálculo do valor da indenização. A Raia Drogasil contestou a sentença alegando que se tratava de uma brincadeira, porém, o TRT rejeitou esse argumento.

A relatora do acórdão destacou que o racismo recreativo é tão prejudicial quanto outras formas de discriminação e afeta profundamente a dignidade da vítima. A prática de ofensas de cunho racial é considerada intolerável, especialmente quando partem de representantes da empresa em um ambiente de trabalho.

Os juízes rejeitaram a tentativa de classificar as falas como brincadeiras devido às provas materiais e testemunhais apresentadas, além de ressaltarem a importância de analisar casos de discriminação sob a ótica do racismo estrutural e da dignidade humana, não podendo relativizar condutas discriminatórias sob o pretexto de humor.

Em uma entrevista, Noemi compartilhou o impacto psicológico do ocorrido, revelando sua reação no momento da ofensa e como isso a motivou a lutar por seus direitos. A ex-funcionária permaneceu na empresa por um tempo, buscando mudanças no ambiente de trabalho, mas acabou sendo dispensada após um episódio de agressão verbal e quase física por parte de um supervisor.

Após anos de batalha judicial, Noemi segue em frente com o apoio da família, amigos, psicólogos e advogados. Atualmente, ela ocupa um cargo de gestão na área da saúde e se sente grata por poder contar com uma rede de apoio. A indenização recebida foi guardada por um tempo, rendeu aplicada e utilizada para dar entrada em um apartamento.

Em resposta ao caso, a Raia Drogasil emitiu uma nota lamentando o incidente e reforçando seu compromisso com o respeito, a diversidade e a inclusão. A empresa ressaltou seus esforços em promover a equidade racial e investir em programas de inclusão e valorização, visando contribuir para um ambiente de trabalho mais diversificado e inclusivo, em linha com uma sociedade mais justa.

Box de Notícias Centralizado

🔔 Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram e no WhatsApp