Empreender para viver: aposentados driblam dívidas e transformam hobbies em renda em Santa Catarina
Principal motivo que leva pessoas já aposentadas a empreenderem é a necessidade financeira.
‘Futuro em dia’: a importância de planejar uma aposentadoria segura
Aos 70 anos, Dona Tania, moradora de Florianópolis, decidiu fazer algo pela primeira vez na vida: abrir um negócio. A ideia surgiu da necessidade de complementar a renda e aproveitar um passatempo. Ela faz parte de um grupo crescente de idosos empreendedores no Brasil, hoje são 4,3 milhões, segundo o SEBRAE, um aumento de 34% em relação a 2020.
Resolvi voltar a estudar, já depois dos 60 anos. E foi ali que me despertou o desejo de desenvolver uma atividade para eu me ocupar, criar e ganhar dinheiro, que era o que eu estava precisando”, explica a microempreendedora.
Há dois anos, ela comercializa os produtos que cria em feiras de bairros da capital catarinense. Por trás no negócio, tem muita organização e planejamento.
Para o economista Guilherme Alano, o principal motivo que leva pessoas já aposentadas a empreenderem é a necessidade financeira.
Uma pesquisa da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA) mostra que, no Brasil, 82% das pessoas não aposentadas ainda não iniciaram uma reserva financeira para a velhice.
Segundo o analista de negócios do SEBRAE Santa Catarina, Carlos Kinchescki, empreender nessa fase da vida tem suas vantagens, mas também seus desafios.
A experiência de vidas eles já trazem. A principal dica que a gente dá é como fazer a gestão. A gente explica, por exemplo, que eles não podem misturar o dinheiro pessoal com o dinheiro da empresa. A gente orienta muito a questão financeira: para eles entrarem num novo negócio, mas com o pé no chão e sabendo o quanto isso está trazendo de benefício para eles”, comenta Kinchescki.
Claudete Silveira, de 68 anos, é uma das alunas. Ela aplica o que aprende na produção e venda de semijoias em cerâmica. Segundo ela, o curso foi essencial para entender os custos e organizar as finanças do negócio.
A gente tem que se preocupar com cada detalhe. Eu compro, por exemplo, um esmalte e eu sei que eu tenho que economizar esse esmalte, saber utilizá-lo nas peças e saber quanto custa cada pincelada que eu der numa peça”, explica.
O professor Geison de Paula destaca que, embora o ideal seja começar cedo, nunca é tarde para planejar o futuro financeiro. Natalino, de 77 anos, é prova disso: ele participa do curso para aprender a poupar e garantir mais segurança na aposentadoria.
É muito importante ter a dimensão dos custos e da ideia de poupar, de estabelecer uma reserva para a vida, porque a vida continua”, conta.