A contaminação silenciosa representa uma ameaça à segurança alimentar das comunidades tradicionais na zona rural do Ceará. Um estudo realizado pela Universidade Federal do Ceará (UFC) identificou o uso indiscriminado de inseticidas em áreas rurais de Crateús, interior cearense. Os peixes do Rio Poti, que corta a cidade, apresentam altos índices de agrotóxicos em seus corpos, o que pode acarretar em graves problemas de saúde caso sejam consumidos por seres humanos.
A professora aposentada Maria do Carmo Silva, moradora do distrito de Oiticica em Crateús, ficou preocupada ao saber que os peixes do rio próximo a sua casa estavam contaminados com agrotóxicos, podendo causar doenças, como o câncer. A pesquisa da UFC, publicada recentemente, destacou que a utilização extensiva de inseticidas na agricultura tem levado à contaminação dos peixes do Rio Poti, especificamente na região de Oiticica e Ibiapaba.
As pesquisadoras Ana Clara Rosendo e Isadora Brandão, após relatos de moradores sobre alterações nos peixes da região, realizaram estudos na zona rural de Crateús. O diagnóstico revelou que as comunidades tradicionais às margens do Rio Poti estão enfrentando sérios riscos devido ao uso exagerado de contaminantes. A falta de segurança alimentar nos povos originários e tradicionais da região é uma preocupação destacada pelos pesquisadores.
A exposição crônica a resíduos de agrotóxicos provenientes dos peixes contaminados pode desencadear diversos problemas de saúde, como câncer, disfunções hormonais e neurológicas. A ingestão de filé de peixe contaminado por longos períodos pode acarretar em graves consequências à saúde dos habitantes locais. A falta de saneamento básico e o descarte incorreto de resíduos sólidos na região contribuem para a contaminação dos peixes e do ambiente.
A pesquisa da UFC identificou a presença predominante de piretróides nos músculos dos peixes, sendo uma classe de inseticidas associados a riscos neurológicos e endócrinos. Outros pesticidas detectados foram organoclorados, éteres difenílicos polibromados e bifenilos policlorados, todos com potencial impacto na saúde humana. As contaminações registradas em distritos como Ibiapaba indicam uma exposição significativa a fontes agrícolas, preocupando os pesquisadores.
A preocupação com a saúde dos moradores das regiões afetadas pelas contaminações é alarmante. A ingestão de peixes contaminados pode desencadear sérias doenças, como câncer, disfunções hormonais e neurológicas. A conscientização da população sobre os riscos e a necessidade de monitoramento ambiental são essenciais para mitigar os impactos negativos. As pesquisadoras da UFC ressaltam a importância de ações urgentes para preservar o meio ambiente e a saúde das pessoas afetadas.
A falta de recursos e a vulnerabilidade das comunidades locais diante da contaminação dos peixes representam um desafio significativo. A conscientização sobre os riscos e a busca por soluções são passos necessários para garantir a segurança alimentar e a saúde das populações afetadas. A pesquisa da UFC destaca a importância de políticas públicas urgentes e a intensificação do monitoramento ambiental para lidar com a contaminação silenciosa que ameaça a segurança alimentar das comunidades tradicionais no Ceará.