Na tarde desta terça-feira, uma médica que trabalha na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Costa Barros, localizada na Zona Norte do Rio, teve seu carro atingido por disparos durante um tiroteio. Enquanto estava em atendimento a um paciente grave na sala vermelha da unidade, a médica não foi ferida pelos disparos. A Polícia Militar realizou uma operação no Complexo da Pedreira, em Costa Barros, onde três ônibus foram sequestrados e atravessados em ruas da região, além de um caveirão que ficou retido em um dos bloqueios. A situação de violência fez com que todas as unidades de saúde da rede municipal fossem fechadas por questões de segurança.
Segundo informações obtidas pelo jornal O Globo, as clínicas da família e postos de saúde tiveram que fechar suas portas 698 vezes entre o início do ano e meados de setembro devido à violência armada na cidade do Rio de Janeiro. Unidades como a Clínica da Família Herbert de Souza e o posto de saúde Sylvio Frederico Brauner, localizados na Zona Norte, foram os mais impactados pelos confrontos entre grupos criminosos. O programa Acesso Mais Seguro, implementado em parceria com a Cruz Vermelha Internacional em 2009, estabeleceu protocolos de segurança que determinam o funcionamento das unidades de saúde em diferentes níveis de avaliação.
Os episódios de violência na cidade impactaram o funcionamento dos serviços de saúde municipal mais de 2.600 vezes desde o início do ano, com uma média de quase dez incidentes por dia. Profissionais de saúde relatam que estão constantemente em alerta, observando sinais como o funcionamento de bocas de fumo próximas das unidades de saúde e a movimentação de barricadas. Em casos de alerta máximo (laranja ou vermelho), pessoas que estão nas unidades são direcionadas para locais seguros, como corredores internos protegidos por paredes.
Além dos ônibus utilizados como barricadas durante a operação policial em Costa Barros, criminosos atearam fogo em barricadas para evitar a ação das equipes de segurança. O Complexo da Pedreira tem sido cenário de uma intensa disputa territorial entre facções criminosas rivais. Nesse contexto de violência, medidas preventivas foram tomadas pelo Rio Ônibus, desviando quatro linhas de ônibus de seus itinerários habituais para garantir a segurança de motoristas e passageiros. Em meio ao cenário de insegurança e confrontos, a população do Rio de Janeiro enfrenta desafios diários para acessar serviços básicos de saúde e transporte público.