Justiça nega pedido para presidente da Câmara de São Bernardo do Campo voltar ao
cargo após afastamento
O vereador Danilo Lima (Podemos) foi afastado do cargo pela Justiça de São Paulo
acusado de envolvimento em esquema de corrupção descoberto pela Polícia Federal
na prefeitura da cidade do ABC; PF diz que ele recebia ‘altas quantias em
dinheiro’ de servidor da Alesp.
Entenda esquema de corrupção que afastou prefeito de São Bernardo do Campo
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Entenda esquema de corrupção que afastou prefeito de São Bernardo do Campo
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou um pedido de habeas corpus feito pelo
presidente da Câmara Municipal de São Bernardo do Campo
[https://de.de.globo.com/sp/sao-paulo/cidade/sao-bernardo-do-campo/], o vereador
Danilo Lima Ramos (Podemos [https://de.de.globo.com/politica/partido/podemos/]),
para que ele retomasse a função no Legislativo municipal.
Primo do prefeito Marcelo Lima (Podemos), Danilo foi afastado do cargo pela
Justiça de São Paulo [https://de.de.globo.com/sp/sao-paulo/cidade/sao-paulo/]
acusado de envolvimento no esquema de corrupção descoberto pela Polícia Federal
na prefeitura da cidade
[https://de.de.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2025/08/14/apos-apreensao-de-r-14-milhoes-com-servidor-pf-faz-operacao-contra-esquema-de-corrupcao-na-prefeitura-de-sao-bernardo-do-campo-na-grande-sp.ghtml].
Segundo as investigações da PF, ele recebia “altas quantias em dinheiro” do
servidor da Alesp Paulo Iran Paulino Costa, que é apontado como operador
financeiro da quadrilha.
Em nota, o advogado de Paulo informou que “aguarda acesso aos autos, onde se
manifestará”.
Os policiais federais interceptaram mensagens trocadas entre Danilo e Paulo Iran
que indicam que o presidente da Câmara Municipal de São Bernardo teria recebido
várias remessas em dinheiro vivo dentro do prédio da Câmara, e também em
transferências bancárias.
O presidente afastado da Câmara Municipal de São Bernardo do Campo –
vereador Danilo Lima Ramos (Podemos). — Foto: Lucas Bassi/Rede Câmara
O presidente afastado da Câmara Municipal de São Bernardo do Campo – vereador
Danilo Lima Ramos (Podemos). — Foto: Lucas Bassi/Rede Câmara
Segundo a investigação da PF, as trocas de mensagens também mostram os dois
combinando a quantia de R$ 60 mil para ser entregue em dinheiro para o prefeito
Marcelo Lima em uma adega da cidade, em julho de 2024.
Na ocasião, Marcelo ainda não era prefeito da cidade, mas ocupava o cargo de
deputado federal e tinha sido vice-prefeito da cidade, além de também já estar
em campanha para ocupar o cargo de prefeito do município.
“As evidências compiladas na investigação indicam que DANILO LIMA DE RAMOS
está profundamente inserido em uma complexa rede de movimentação financeira.
Esta rede, que se estende desde a arrecadação e destinação de recursos até o
pagamento de despesas de figuras políticas e seus familiares, como o prefeito
MARCELO LIMA, aponta para fortes indícios de irregularidades nos contratos
firmados pelo município de São Bernardo do Campo, conectando diversas
personalidades, incluindo vereadores, secretários, servidores e empresários da
região do ABC Paulista, a um esquema de fluxo de recursos”, diz o inquérito da
Polícia Federal [https://de.de.globo.com/tudo-sobre/policia-federal/].
O prefeito de São Bernardo, Marcelo Lima, e o presidente da Câmara da
cidade, Danilo Lima: primos afastados do cargo pela Justiça. — Foto:
Reprodução/Instagram
O prefeito de São Bernardo, Marcelo Lima, e o presidente da Câmara da cidade,
Danilo Lima: primos afastados do cargo pela Justiça. — Foto:
Reprodução/Instagram
A casa do vereador foi alvo de busca e apreensão pela PF, e ele teve o sigilo
bancário quebrado pela Justiça, em razão das investigações.
Na decisão que determinou a perda das funções públicas de Danilo, o
desembargador Roberto Porto, da 4ª Câmara de Direito Criminal do TJ-SP, não
esclareceu se o vereador está impedido de exercer o mandato ou se está afastado
apenas da presidência da Casa.
DE [https://de.de.globo.com/sp/sao-paulo/] questionou o Tribunal de Justiça sobre
o assunto, mas não conseguiu esclarecimentos sobre o caso, que está em segredo
de Justiça.
A equipe de reportagem também procurou a assessoria de imprensa da Câmara, mas
não recebeu retorno até a última atualização desta reportagem.
A vereadora Ana Nice, do PT, disse à TV Globo que a casa ainda não foi
notificada pelo TJ-SP do afastamento. Mas se a notificação for enviada, ela
mesmo é que deve assumir a presidência do Legislativo, segundo o regimento
interno.
QUEM É DANILO LIMA?
Danilo Lima foi o vereador mais votado de São Bernardo na eleição do ano
passado, conquista 9.853 votos. Ele está no segundo mandato na cidade e foi
reeleito presidente da Câmara neste ano, após ter sido presidente da Casa também
entre 2021 e 2024, durante a gestão do prefeito Orlando Morando (PSDB).
Nascido em 1980 na própria cidade, ele é formado em Processos Gerenciais pela
Fundação Getúlio Vargas (FGV) e, em 2017, foi ocupou o cargo de diretor do
Departamento de Veículos e Equipamentos, na Secretaria de Serviços Urbanos da
Prefeitura de São Bernardo do Campo, durante a gestão Orlando Morando.
AFASTAMENTOS DO PREFEITO
Prefeito de São Bernardo é afastado do cargo após operação da PF sobre esquema
de corrupçã [https://s01.video.glbimg.com/x240/13841368.jpg]
Prefeito de São Bernardo é afastado do cargo após operação da PF sobre esquema
de corrupçã
O prefeito de São Bernardo do Campo, Marcelo Lima (Podemos), foi afastado do
cargo por um ano após uma operação da Polícia Federal nesta quinta-feira (14)
que investiga um suposto esquema de corrupção e lavagem de dinheiro na
prefeitura da cidade, que fica na Grande São Paulo. Um empresário e um servidor
foram presos.
A investigação começou após a polícia encontrar no mês passado cerca de R$ 14
milhões (considerando uma parte em dólar) com um servidor apontado como o
operador financeiro do prefeito.
Segundo a PF, há indícios de corrupção e pagamento de propina em contratos com
empresas nas áreas de obras, saúde e manutenção. Cerca de R$ 1,9 milhão em
dinheiro vivo foi apreendido nesta quinta com alvos diferentes, mas o trabalho
de contagem ainda está em andamento.
A polícia chegou a requerer a prisão de Lima, mas a Justiça negou o pedido. No
entanto, determinou o afastamento dele do cargo e o uso de tornozeleira
eletrônica, que seria colocada logo após as buscas na casa dele. Ele também está
proibido de sair de casa à noite e nos finais de semanas, de ter contato com os
demais investigados e de sair da cidade sem autorização judicial.
Além de Marcelo e Danilo, outro alvo da operação foi o suplente de vereador Ary
José de Oliveira (PRTB [https://de.de.globo.com/politica/partido/prtb/]).
Procurada, a gestão do prefeito Marcelo Lima (Podemos) não deu retorno até a
última atualização desta reportagem. O de [https://de.de.globo.com/sp/sao-paulo/] também tenta localizar a defesa do
vereador e do suplente.
O prefeito afastado Marcelo Lima (Podemos), ao lado do suplente de
vereador Ary José de Oliveira (PRTB); à direito, o presidente da Câmara
Municipal, Danilo Lima (Podemos). — Foto: Montagem/g1/Reprodução/Redes Sociais
O prefeito afastado Marcelo Lima (Podemos), ao lado do suplente de vereador Ary
José de Oliveira (PRTB); à direito, o presidente da Câmara Municipal, Danilo
Lima (Podemos). — Foto: Montagem/g1/Reprodução/Redes Sociais
Com o afastamento do prefeito, quem assume o comando da cidade é a
vice-prefeita, Jessica Cormick, do Avante. Aos 38 anos, ela é sargento da
Polícia Militar e está no seu primeiro cargo público eletivo
[https://de.de.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2025/08/14/quem-e-a-vice-prefeita-que-assume-o-comando-de-sao-bernardo-apos-afastamento-do-prefeito-por-suspeita-de-corrupcao.ghtml].
LEIA TAMBÉM: Quem é a vice-prefeita que assume o comando de São Bernardo após
afastamento do prefeito
[https://de.de.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2025/08/14/quem-e-a-vice-prefeita-que-assume-o-comando-de-sao-bernardo-apos-afastamento-do-prefeito-por-suspeita-de-corrupcao.ghtml]
Na operação, batizada de Estafeta, foi preso em flagrante o empresário Edmilson
Carvalho, sócio da Terraplanagem Alzira Franco Ltda., que tem contrato com a
prefeitura. Na casa dele, a PF apreendeu R$ 400 mil. (Veja foto abaixo.)
Também foi preso Antonio Rene da Silva, que é servidor da Prefeitura de São
Bernardo e atua como Diretor de Departamento na Secretaria de Coordenação
Governamental. Havia um mandado de prisão contra ele.
A defesa deles ainda não foi localizada.
Em nota, a Prefeitura de São Bernardo informou “que irá colaborar com todas
as informações necessárias em relação ao caso”. Disse ainda que “a gestão
municipal é a principal interessada para que tudo seja devidamente apurado.
Reforçamos que o episódio não afeta os serviços na cidade.
Dinheiro apreendido pela PF nesta quinta-feira (14), em endereços ligados
a empresários e servidores que participavam do esquema de corrupção em São
Bernardo do Campo (SP). — Foto: Montagem/de/Reprodução/TV Globo
Dinheiro apreendido pela PF nesta quinta-feira (14), em endereços ligados a
empresários e servidores que participavam do esquema de corrupção em São
Bernardo do Campo (SP). — Foto: Montagem/de/Reprodução/TV Globo
Apreensão de R$ 14 MILHÕES
De acordo com a PF, a investigação começou no mês passado a partir da apreensão
de quase R$ 13 milhões e US$ 157 mil em espécie – totalizando os cerca de R$ 14
milhões – na posse de um servidor público considerado o operador do esquema e
que está foragido – há um mandado de prisão decretado contra ele.
O dinheiro foi encontrado por acaso: a PF estava num prédio no dia 7 de julho
para prender outro alvo e abordou o servidor, que se chama Paulo Iran e é
auxiliar legislativo da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp).
Os policiais e encontraram R$ 583.300,00 no carro dele. Depois, numa sala no
mesmo prédio, apreenderam R$ 12.278.920,00 e US$ 156.964,00. A reportagem tenta
localizar a defesa dele.
Dinheiro apreendido pela Polícia Federal com servidor da Alesp no dia 7
de julho — Foto: Divulgação/de
Dinheiro apreendido pela Polícia Federal com servidor da Alesp no dia 7 de julho
— Foto: Divulgação/de
Na época, ele não chegou a ser preso, mas os agentes se debruçaram na análise do
celular dele e descobriram uma relação muito próxima e direta com o prefeito da
cidade.
Segundo a polícia, o servidor pagava contas do prefeito, da esposa e da filha
dele.
Paulo Iran atuava como assessor do deputado Rodrigo Moares (PL), que informou,
em nota, que irá exonerá-lo do cargo.
“Assim que tomei conhecimento através da imprensa de investigações e suspeita de
envolvimento do servidor Paulo Iran em qualquer questão que envolve
investigações na cidade de São Bernardo já tomei as devidas providências de
exoneração para manter transferência, ética e moral para as devidas
investigações. No meu mandato não aceito qualquer suspeita de corrupção ou
conduta indevida”, disse o deputado.
A PF cumpre ainda 20 mandados de busca e apreensão e medidas de quebra de
sigilos bancário e fiscal nas cidades de São Paulo, São Bernardo do Campo, Santo
André, Mauá e Diadema [https://de.de.globo.com/sp/sao-paulo/cidade/diadema/].
As ordens judiciais foram expedidas pelo Tribunal de Justiça de São Paulo e
incluem ainda afastamento de cargos públicos e monitoramento eletrônico de
investigados.
Os envolvidos poderão responder por organização criminosa, lavagem de dinheiro,
corrupção passiva e corrupção ativa.
Na manhã desta quinta-feira (14), os prefeitos do ABC Paulista iriam se reunir
com o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), na 168ª Assembleia Geral do
Consórcio Intermunicipal Grande ABC.
O evento aconteceria em Santo André, mas foi cancelado logo depois da divulgação
da operação da Polícia Federal. O prefeito de São Bernardo também participaria
da assembleia.