Kongjian Yu, renomado arquiteto chinês, esteve no Distrito Federal ministrando uma palestra sobre o conceito de “cidades-esponja” apenas alguns dias antes de falecer em um acidente aéreo em Mato Grosso do Sul. Durante seu discurso, Yu destacou o Brasil como a última esperança para o mundo, descrevendo-o como o último pedaço do jardim e o quintal de Deus que deve ser cuidado e utilizado para curar o planeta.
Sua palestra, que ocorreu no início de setembro, foi parte da abertura da Conferência Internacional do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil no Distrito Federal. Na ocasião, ele apresentou o conceito de “cidades-esponja” que visa reter a água da chuva nas áreas urbanas, minimizando enchentes e garantindo reservas para períodos de estiagem. Recursos como parques alagáveis, telhados verdes e calçamentos permeáveis são fundamentais para a implementação desse conceito inovador.
Com seu conhecimento em arquitetura da paisagem e planejamento urbano ecológico, Kongjian Yu ressaltou a importância da transformação das cidades e da reconexão com a natureza. Ele defendeu a ideia de adaptar metrópoles brasileiras, como Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre, para se tornarem “cidades-esponja”, ou seja, envolvendo a água e convivendo com ela ao invés de combatê-la.
O arquiteto enfatizou que os danos causados pela água são mais perigosos do que as emissões de carbono nas cidades e que, para isso, é essencial repensar a infraestrutura urbana. Yu acreditava que o Brasil tinha potencial para liderar uma revolução urbana sustentável mediante planejamento regional e uso inteligente do território.
A tragédia que vitimou Kongjian Yu aconteceu quando o avião em que ele estava caiu em Aquidauana, no Mato Grosso do Sul, junto com outros dois cineastas brasileiros. Sua morte foi lamentada pelo Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Brasil, que reconheceu seu legado e compromisso com a sustentabilidade e a vida urbana. A proposta de “cidades-esponja” segue como uma alternativa inovadora para tornar os centros urbanos mais sustentáveis e saudáveis.
O conceito de “cidades-esponja” consiste em adaptar áreas urbanas para absorver e reutilizar a água das chuvas, em detrimento de estruturas rígidas de concreto. Transformar espaços urbanos em ambientes verdes e permeáveis é fundamental para conter enchentes e promover uma melhor qualidade de vida. A visão de Kongjian Yu representa não apenas uma perda para a arquitetura mundial, mas também um chamado para repensar a relação entre as cidades e a natureza.