Emissário Submarino de Ipanema completa 50 anos: veja como funciona a estrutura, que ainda gera debate ambiental
A estrutura do emissário submarino de Ipanema é responsável por levar o esgoto de 700 mil pessoas do Centro e da Zona Sul do Rio de Janeiro diretamente para o mar. Após meio século de funcionamento, especialistas apontam tanto avanços quanto falhas nesse sistema que é fundamental para a qualidade da água na região.
Quando se está na Praia de Ipanema, não é possível ver nada no horizonte que indique a presença do emissário submarino. Entretanto, sob as ondas, a até 40 metros de profundidade, está uma das obras mais essenciais da cidade, construída há 50 anos, sendo a primeira do tipo no Brasil.
A tubulação com 2,4 metros de diâmetro foi iniciada em 1971, quando ainda se tratava do antigo Estado da Guanabara, e concluída em 1975 após a fusão com o Rio de Janeiro. Ao longo de 4,3 km, milhões de litros de esgoto são despejados diariamente no oceano, cumprindo assim o papel de saneamento básico da região.
O canteiro de obras do emissário submarino marcou a paisagem da época, inclusive se tornando um ponto de encontro para jovens e contribuindo para a formação de ondas perfeitas, conforme relatos de surfistas da época. A construção foi concluída em quatro anos e tinha a expectativa de atender até 1,6 milhão de pessoas, número que atualmente está em torno de 700 mil moradores.
No trajeto até o emissário, o esgoto passa por 27 estações de bombeamento, responsáveis pelo gradeamento inicial para reter resíduos sólidos. Na ponta final da estrutura, 178 difusores espalham 6 mil litros de esgoto por segundo, facilitando a mistura e diluição no mar, mantendo a balneabilidade das praias da Zona Sul, segundo o professor Paulo Cesar Rosman.
Contudo, mesmo com a eficiência do emissário, especialistas pedem melhorias, principalmente no que diz respeito ao peneiramento de resíduos sólidos. O debate sobre a necessidade de um tratamento primário do esgoto antes do despejo no mar segue em pauta, com emissários mais recentes sob essa obrigatoriedade. A conscientização da população quanto ao descarte adequado de resíduos também é fundamental para a preservação ambiental. A busca por soluções cada vez mais eficazes é essencial para garantir a qualidade da água e do ambiente marinho.




