Órgão de tubos: ‘gigante’ musical faz reestreia no litoral de SP após 33 anos mudo
Instrumento estava desativado desde 1992 e passou por reforma de R$ 110 mil, que incluiu automação. Restaurador mergulhou em um minucioso processo que envolveu estudo e mais de dois anos de trabalho.
Órgão de tubos foi reformado na Igreja do Embaré, em Santos (SP) e pode até tocar ‘sozinho’
Após mais de três décadas de silêncio, o órgão de tubos da Basílica Menor de Santo Antônio do Embaré voltou a ecoar em Santos, no litoral sul de São Paulo. O projeto de restauro contemplou a reforma e a automação do instrumento, que tem mais de 75 anos de história. O ‘gigante’ de 35 m² e dois andares foi reinaugurado com o mesmo visual, mas seu imponente som estreou na era digital.
Com recursos arrecadados pelos fiéis e pelas mãos do restaurador Danilo Brás, o instrumento, construído na primeira metade do século passado, ganhou ajuda da tecnologia para tocar até ‘sozinho’.
‘Rei dos instrumentos’: usual em igrejas para entoar músicas sacras, o órgão de tubos é composto por tubos de diferentes comprimentos que produzem som ao deixar passar o ar, a partir de um complexo sistema de teclados e pedaleiras.
Segundo especialistas, apesar de não serem considerados raros, a maioria dos órgãos de tubos existentes no Brasil estão em condições precárias ou descaracterizados. A manutenção dos exemplares é considerada um desafio pelo alto custo e falta de mão-de-obra especializada.
O órgão de tubos do Embaré tem 1.317 tubos, dois teclados manuais e uma pedaleira. A imponente estrutura é feita de madeira e metal e o restauro levou dois anos e meio.
O órgão foi reinaugurado oficialmente em junho, na missa do Dia de Santo Antônio. Na ocasião, foi anunciada pelo frei Paulo Henrique Romeiro, pároco da basílica, a retomada da operação do órgão.
Reinauguração ocorreu durante a missa de Santo Antônio em Santos (SP)
PATRIMÔNIO RELIGIOSO
O órgão de tubos da Igreja do Embaré foi inaugurado em 1949 e é considerado um patrimônio religioso da cidade. Construído a partir das peças de outro instrumento importado anos antes da Alemanha, o órgão estava desativado desde 1992 após apresentar problemas mecânicos.
Além disso, a deterioração do instrumento foi agravada pela falta de uso. Nos anos 2000, a parte elétrica dele foi removida durante uma reforma da Igreja.
Após uma conversa com o Frei Paulo Henrique, o restaurador Danilo Brás resolveu iniciar em janeiro de 2023 a reforma do órgão. Os R$ 110 mil empenhados no serviço foram custeados com recursos arrecadados durante as festas promovidas pela Basílica, como quermesses e eventos aos finais de semana.
Desafio: O instrumento é produzido de maneira artesanal e a manutenção especializada deveria ser feita por um organeiro-mestre, profissional cuja formação leva pelo menos 10 anos.
Por isso, o restaurador precisou mergulhar em um minucioso processo que envolveu estudo e centenas de horas de trabalho para a…
Restauração e automação
Toda a parte estrutural e elétrica do órgão foi restaurada. Para isso, foram produzidas cerca de 1,3 mil molas inox – ante as de ferro existentes -, fabricados artesanalmente diversos tubos de madeira e criado um sistema de automação, que possibilita a utilização do órgão mesmo sem que haja um músico para tocá-lo.
Na versão manual, o instrumento é tocado por um organista com as mãos e pés simultaneamente.
Os serviços de restauro foram realizados, sob o comando de Danilo, pelos próprios colaboradores da Basílica…