Intoxicação por metanol em bebidas: 1 pessoa morre e 8 são internadas em menos de 18 dias em São Paulo
Casos aconteceram nas cidades de Limeira, Bragança Paulista e São Paulo. Registros são considerados fora do padrão pelo Ciatox e foram notificados ao governo federal. ‘Pode evoluir para um surto’, diz Secretária Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos.
Uma pessoa morreu e outras 8 foram internadas por intoxicação por metanol após consumirem bebida alcoólica adulterada em menos de 18 dias nas cidades de São Paulo, Limeira (SP), e Bragança Paulista (SP). As nove pessoas foram internadas entre o dia 1º e 18 de setembro. Os casos foram registrados no Centro de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox), de Campinas (SP), e encaminhados ao governo federal — veja os casos abaixo.
Segundo a secretária nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos, Marta Machado, trata-se de uma situação grave, que pode estar subnotificada e que “pode evoluir para surto”. Nesta sexta-feira (26) o Ministério da Justiça e de Segurança Pública divulgou em nota que os casos são “considerados fora do padrão para o curto período de tempo e também por desviar dos casos até hoje notificados de intoxicação por metanol” — leia a nota na íntegra abaixo.
Os casos são inéditos no centro toxicológico, uma vez que diferem dos casos analisados nos últimos dois anos, frequentemente associados à população de rua. De acordo com a notificação desta sexta, a ingestão se deu em cenas sociais de consumo alcoólico, incluindo bares, e com diferentes tipos de bebida, como gin, whisky, vodka, entre outros.
CASOS NA REGIÃO
Um dos casos notificados aconteceu na cidade de Limeira (SP). Trata-se de um homem de 30 anos, que foi internado no dia 18 de setembro, três dias após consumir whisky em um churrasco. Ele segue em estado grave.
CASOS EM SÃO PAULO
Sete casos foram registrados na cidade de São Paulo, em diferentes localidades.
O primeiro deles aconteceu no dia 1º de setembro. Trata-se de um homem de 27 anos, que consumiu bebida alcoólica em uma festa universitária e segue internado em estado grave.
Junto dele, estavam dois homens de 23 anos e 25 anos, e uma mulher de 23 anos, que tiveram sintomas mais leves e já receberam alta. Segundo relatório apresentado à secretária, a jovem teria ingerido gin.
Um homem de 50 anos foi a óbito depois de ser internado, no dia 17 de setembro, por intoxicação por metanol.
Outro homem de 62 anos, encontrado inconsciente em sua casa após ingerir bebida alcoólica comprada em mercado informal, foi internado no dia 17 de setembro. Ele chegou a receber antídoto e passou por hemodiálise.
Por fim, um homem de 35 anos foi internado no dia 18 de setembro horas depois de consumir vodka em um bar.
O QUE DIZ O GOVERNO FEDERAL?
Leia a nota na íntegra divulgada pela Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
“Nesta sexta-feira (26), a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (Senad/MJSP) recebeu, por meio do Sistema de Alerta Rápido (SAR), notificação que reporta nove casos de intoxicação por metanol, no estado de São Paulo, num período de 25 dias, todos a partir da ingestão de bebida alcoólica adulterada.
O número de casos registrado, inicialmente, pelo Centro de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox), de Campinas (SP), e encaminhado ao Comitê Técnico do SAR é considerado fora do padrão para o curto período de tempo e também por desviar dos casos até hoje notificados de intoxicação por metanol.
O Ciatox recebeu, nos últimos dois anos, casos de intoxicação por metanol a partir de consumo de combustíveis por ingestão deliberada em contextos de abuso de substâncias, frequentemente associada à população de rua. Contudo, de acordo com a notificação de hoje, a ingestão se deu em cenas sociais de consumo alcoólico, incluindo bares, e com diferentes tipos de bebida, como gin, whisky, vodka, entre outros. São registros inéditos no referido centro toxicológico. É possível haver outros casos não notificados, uma vez que nem todos os casos de intoxicação chegam aos órgãos de vigilância e controle.
A ingestão acidental ou intencional de metanol leva a intoxicações graves e potencialmente fatais. O cenário de adulteração é particularmente relevante do ponto de vista de saúde pública, pois episódios dessa natureza frequentemente resultam em surtos epidêmicos com múltiplos casos graves e elevada taxa de letalidade, afetando grupos populacionais vulneráveis e exigindo resposta rápida das autoridades sanitárias. Nesse sentido, requer alerta à população, considerando, inclusive, o início do fim de semana, quando há maior frequência a bares e consumo de bebidas alcoólicas.
SAR – O Sistema de Alerta Rápido sobre drogas do Brasil (SAR) é um subsistema do Sistema Nacional de Políticas sobre Drogas – Sisnad, gerenciado pela Secretaria da Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (Senad), vinculado ao Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas (Obid)”.
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