Alerta: Bebidas Alcoólicas Adulteradas com Metanol em SP: Ministério emite recomendação após intoxicações e mortes

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Ministério faz alerta sobre bebidas alcoólicas adulteradas com metanol após intoxicações em SP; Duas mortes já foram registradas

Dez casos de intoxicação foram registrados na capital com ao menos uma morte na Zona Leste; a 2ª morte em investigação ocorreu em São Bernardo do Campo. Governo orienta bares, restaurantes e distribuidoras a suspender lotes suspeitos e reforçar rastreabilidade.

1 de 2 Bebidas alcóolicas falsificadas são apreendidas pela Polícia Civil — Foto: Polícia Civil do Paraná

Bebidas alcóolicas falsificadas são apreendidas pela Polícia Civil — Foto: Polícia Civil do Paraná
O Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) emitiu neste sábado (27) uma recomendação urgente a estabelecimentos que comercializam bebidas alcoólicas no estado de São Paulo [https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/cidade/sao-paulo/] e regiões próximas, após o registro de casos de intoxicação compatíveis com o consumo de produtos adulterados com metanol — substância altamente tóxica e de risco coletivo à saúde pública.

A medida foi tomada após a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (Senad/MJSP) receber, por meio do Sistema de Alerta Rápido (SAR), notificação sobre casos de intoxicação por metanol em São Paulo estarem em investigação, em um período de 25 dias [https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2025/09/27/intoxicacao-por-metanol-causa-duas-mortes-em-sao-bernardo-do-campo-e-sao-paulo-casos-suspeitos-sao-investigados.ghtml]. Todos os episódios estão relacionados ao consumo de bebidas alcoólicas falsificadas.
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Na capital paulista são dez casos em investigação e duas mortes confirmadas na Grande SP (veja mais abaixo). Quatro deles são investigados pela Polícia Civil, após quatro jovens — dois homens e duas mulheres, com idades entre 23 e 27 anos — internados [https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2025/09/27/intoxicacao-por-metanol-policia-investiga-caso-de-jovens-internados-apos-consumo-de-gin-em-sp.ghtml] após consumirem duas garrafas de gin no último dia 1º de setembro, um sábado.

A nota técnica, assinada pelo secretário nacional do Consumidor, Paulo Henrique Pereira, destaca a importância da cooperação entre governo, setor privado e sociedade para combater práticas criminosas de falsificação e proteger os consumidores.
A recomendação é direcionada a bares, restaurantes, casas noturnas, hotéis, mercados, atacarejos, distribuidores, plataformas de e-commerce e aplicativos de entrega. O documento orienta a adoção de medidas de compra segura, verificação rigorosa dos produtos e fortalecimento da rastreabilidade das bebidas comercializadas.

Entre os sinais de alerta estão preços muito abaixo do mercado, lacres tortos, erros grosseiros de impressão, odor semelhante a solventes e relatos de consumidores com sintomas como visão turva, dor de cabeça intensa, náusea ou rebaixamento da consciência.

Nessas situações, os estabelecimentos devem interromper imediatamente a venda do lote, isolar fisicamente os produtos e preservar garrafas, caixas, rolhas e rótulos como evidência. Também é necessário manter ao menos uma amostra íntegra por lote para possível perícia.

Caso haja consumidores com sintomas, a orientação é encaminhar para atendimento médico urgente e acionar o Disque-Intoxicação (0800 722 6001), serviço da Anvisa. As autoridades recomendam ainda comunicar a Vigilância Sanitária local, a Polícia Civil (197), o Procon e, quando cabível, o Ministério da Agricultura e Pecuária.

Crime e Penalidades

O MJ lembra que a comercialização de produtos adulterados é crime, previsto no artigo 272 do Código Penal, com pena de reclusão e multa. Além disso, colocar no mercado produto impróprio para consumo configura crime contra as relações de consumo, de acordo com a Lei nº 8.137/1990. Segundo o Código de Defesa do Consumidor, cabe aos fornecedores garantir a segurança e a informação adequada sobre os produtos. Em casos de risco, podem ser exigidas medidas de recall. A recomendação tem aplicação imediata em São Paulo, mas pode ser ampliada para outros estados conforme novos dados das autoridades sanitárias e policiais. O Ministério da Justiça reforçou o compromisso em manter diálogo permanente com o setor privado e adotar ações que garantam a segurança dos consumidores brasileiros.

Mortes e Intoxicações

2 de 2 O metanol não se destina ao consumo humano — e é altamente tóxico — Foto: Adobe Stock

O metanol não se destina ao consumo humano — e é altamente tóxico — Foto: Adobe Stock

Duas pessoas morreram por intoxicação por metanol em bebidas alcoólicas na capital paulista e em São Bernardo do Campo [https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/cidade/sao-bernardo-do-campo/], no ABC Paulista, segundo informou o Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo neste sábado (27) ao DE.

Conforme o órgão, desde junho deste ano, foram confirmados seis casos de intoxicação por metanol, dos quais dois resultaram em óbito. Atualmente, há 10 casos sob investigação com suspeita de intoxicação por consumo de bebida contaminada, na capital. Ainda não se sabe como ocorreram as intoxicações.

Em nota, a Secretaria Municipal de Saúde da capital paulista informou que a vítima em São Paulo é um homem de 54 anos, morador da região da Mooca/Aricanduva, Zona Leste da capital. Ele apresentou sintomas em 9 de setembro e morreu no dia 15.

Em nota, a Prefeitura de São Bernardo, por meio da Secretaria da Saúde, disse que atendeu um paciente no Hospital de Urgência, que morreu por suspeita de contaminação por metanol.

“Ainda são aguardados exames para confirmar a contaminação. Mais informações não serão repassadas em respeito à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD)”, disse a pasta.

Nesta sexta-feira (26), o Ministério da Justiça e de Segurança Pública divulgou que a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos recebeu, por meio do Sistema de Alerta Rápido, “notificação que reporta nove casos de intoxicação por metanol no estado de São Paulo, num período de 25 dias, todos a partir da ingestão de bebida alcóolica adulterada”.

Ainda conforme o Ministério, os casos são “considerados fora do padrão para o curto período de tempo e também por desviar dos casos até hoje notificados de intoxicação por metanol” (leia a nota na íntegra abaixo).

O metanol (CH₃OH) é uma substância altamente inflamável, tóxica e de difícil identificação. [https://g1.globo.com/ciencia/noticia/2025/09/27/metanol-o-que-e-a-substancia-que-causou-intoxicacoes-sem-sp.ghtml] O produto é um tipo de álcool simples, incolor e inflamável, com cheiro semelhante ao da bebida alcoólica comum.

Ele já foi chamado de “álcool da madeira”, porque antigamente era obtido pela destilação de toras. Hoje, sua produção industrial é feita principalmente a partir do gás natural.

Porém, embora seja usado em pequenas quantidades na natureza, podendo ser encontrado em frutas, vegetais e até produzido pelo corpo humano em baixíssimas doses, o metanol é altamente tóxico em concentrações elevadas.

O que diz a Secretaria Estadual da Saúde

“O Centro de Vigilância Sanitária (CVS) do Estado de São Paulo informa que, desde junho deste ano, foram confirmados seis casos de intoxicação por metanol, dos quais dois resultaram em óbito – um em São Bernardo do Campo e outro na capital.

Atualmente, há dez casos sob investigação com suspeita de intoxicação por consumo de bebida contaminada, na capital. O CVS está apoiando e monitorando o trabalho dos Municípios na fiscalização dos estabelecimentos de comércio de bebidas (distribuidoras, bares etc.) envolvidos na comercialização e distribuição dos produtos contaminados. O CVS reforça que o consumo de bebidas alcoólicas de origem clandestina ou sem procedência confiável representa risco à saúde, já que podem conter substâncias tóxicas.

A recomendação é que bares, empresas e demais estabelecimentos redobrem a atenção quanto à procedência dos produtos oferecidos, e que a população adquira apenas bebidas de fabricantes legalizados, com rótulo, lacre de segurança e selo fiscal, evitando opções de origem duvidosa e prevenindo casos de intoxicação que podem colocar a vida em risco”.

O que diz o Governo Federal?

“Nesta sexta-feira (26), a Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (Senad/MJSP) recebeu, por meio do Sistema de Alerta Rápido (SAR), notificação que reporta nove casos de intoxicação por metanol, no estado de São Paulo, num período de 25 dias, todos a partir da ingestão de bebida alcóolica adulterada.

O número de casos registrado, inicialmente, pelo Centro de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox), de Campinas (SP), e encaminhado ao Comitê Técnico do SAR é considerado fora do padrão para o curto período de tempo e também por desviar dos casos até hoje notificados de intoxicação por metanol.

O Ciatox recebeu, nos últimos dois anos, casos de intoxicação por metanol a partir de consumo de combustíveis por ingestão deliberada em contextos de abuso de substâncias, frequentemente associada à população de rua. Contudo, de acordo com a notificação de hoje, a ingestão se deu em cenas sociais de consumo alcóolico, incluindo bares, e com diferentes tipos de bebida, como gin, whisky, vodka, entre outros. São registros inéditos no referido centro toxicológico. É possível haver outros casos não notificados, uma vez que nem todos os casos de intoxicação chegam aos órgãos de vigilância e controle.

A ingestão acidental ou intencional de metanol leva a intoxicações graves e potencialmente fatais. O cenário de adulteração é particularmente relevante do ponto de vista de saúde pública, pois episódios dessa natureza frequentemente resultam em surtos epidêmicos com múltiplos casos graves e elevada taxa de letalidade, afetando grupos populacionais vulneráveis e exigindo resposta rápida das autoridades sanitárias. Nesse sentido, requer alerta à população, considerando, inclusive, o início do fim de semana, quando há maior frequência a bares e consumo de bebidas alcóolicas.

SAR – O Sistema de Alerta Rápido sobre drogas do Brasil (SAR) é um subsistema do Sistema Nacional de Políticas sobre Drogas – Sisnad, gerenciado pela Secretaria da Nacional de Políticas sobre Drogas e Gestão de Ativos (Senad), vinculado ao Observatório Brasileiro de Informações sobre Drogas (Obid)”.

Sintomas e Atendimento

A recomendação do Centro de Vigilância Sanitária do Estado de São Paulo é que bares, empresas e demais estabelecimentos redobrem a atenção quanto à procedência dos produtos oferecidos.

Os sintomas podem incluir ataxia, sedação, desinibição, dor abdominal, náuseas, vômitos, cefaleia, taquicardia, convulsões e visão turva, principalmente após ingestão de bebidas de procedência desconhecida.

Em caso de suspeita, é fundamental buscar atendimento médico de emergência. A população pode localizar o serviço mais próximo pela plataforma.

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