Obesidade infantil quase triplica em dez anos no Brasil, aponta Ministério da Saúde
Dados do governo mostram aumento expressivo entre crianças e adolescentes
atendidos pelo SUS; especialistas alertam para riscos físicos e emocionais.
Pesquisa sobre obesidade infantil reforça riscos de não manter alimentação
balanceada
Entre 2014 e 2024, o número de crianças com obesidade atendidas pelo Sistema
Único de Saúde quase triplicou no Brasil. Segundo o Sistema de Vigilância
Alimentar e Nutricional (Sisvan), do Ministério da Saúde, os casos passaram de
394 para 1.168.
O número de adolescentes com obesidade também cresceu. Entre 2014 e 2024, os
casos passaram de 1.096 para 1.439, um aumento de 31,3%, segundo o Sisvan. Esse
total representa 41% dos jovens de 10 a 19 anos acompanhados pelo Sistema Único
de Saúde.
A nutricionista Thaune Santos explica que o Índice de Massa Corporal (IMC),
usado para avaliar o peso de adultos, também é aplicado em crianças.
“De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a gente tem uma média de 13
a 15%. Isso representa uma porcentagem bem alta na questão da obesidade nas
crianças, e as mudanças de hábitos alimentares têm que vir de casa. As
facilidades de consumirmos e termos alimentos ultraprocessados fazem com que os
pais esqueçam de dar uma fruta para os filhos”, lembra.
Thaune reforça que a obesidade infantil é um sinal de alerta, não de saúde. Ela
pode causar doenças e afetar o bem-estar da criança.
“Essa criança pode desenvolver doenças crônicas, como diabetes, pressão alta, ou
outras comorbidades como colesterol, doenças coronárias, renais e cardíacas, e
precisar tomar medicamentos durante longo tempo”, alerta.
Thaune comenta ainda que não é necessário proibir o consumo de doces, mas
equilibrar e mostrar que alimentos saudáveis também são bons para a saúde.
Karol Kramm, mãe da Lavínia, de oito anos, ensina desde cedo a filha a comer
bem. No prato, legumes e verduras ganham destaque. “Ter consciência de que esse
alimento veio de uma horta, de como colher, lavar, que aquilo que está no prato
dela é saudável”, comenta.
Lavínia aprendeu a gostar de salada e entende os benefícios de comer bem. “A
salada faz muito bem para a nossa saúde, o sabor dela é gostoso e divertido,
pois no meu prato está cheio de cores e diversos sabores”, conta.
Mas não é só em casa que Lavínia se alimenta adequadamente. Na escola, ela
também se tornou exemplo para que outras crianças se adaptassem e começassem a
comer de forma saudável.
“Ela sempre levou a lancheira dela cheia de frutas e, de repente, no grupo das
mães da escola, perguntaram quem era o aluno que estava trazendo frutas, porque
a filha delas também queria levar. Ela acabou influenciando os outros alunos a
terem uma alimentação saudável”, relatou a mãe.
Além da parte física, a obesidade também deixa marcas no psicológico. Segundo
especialistas, as crianças obesas sofrem muito mais do que na questão estética
e, muitas vezes, sofrem em silêncio.
“A obesidade infantil, ou a obesidade de uma forma geral, não surge de maneira
repentina. Ela é uma doença, de alguma forma cultural, que quando a criança
começa a ficar com sobrepeso já é um alerta sobre o porquê disso estar
acontecendo”, explica a psicóloga Regiane Almeida.
Regiane afirma que o bullying afasta as crianças da convivência social. Elas se
isolam, enfrentam críticas e buscam conforto na comida. “Quando a criança entra
nesse quadro, uma forma de suprir emocionalmente é por meio do alimento, para
buscar uma recompensa imediata de prazer”, finaliza a psicóloga.
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