Otimismo na Fibromialgia: Estudo Aponta Impacto Positivo em Mulheres

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Como o otimismo contribui no enfrentamento da fibromialgia em mulheres, segundo pesquisa

Pesquisa realizada no Maranhão apontou como o otimismo é um aliado no combate à
doença e até reduz a percepção da dor nas pacientes.

De cada 10 pacientes com fibromialgia, sete a nove são mulheres, ― Foto:
Divulgação

Um estudo realizado no Hospital Universitário da UFMA, em São Luís, observou
como o otimismo pode influenciar diretamente a maneira como pacientes com
fibromialgia lidam com a dor crônica. A pesquisa foi conduzida pelo estudante de
Medicina Lucas Brito, com orientação do professor João Batista Garcia, chefe do
Ambulatório de Dor Crônica do hospital.

Intitulada “Coping espiritual e otimismo de pacientes com diagnóstico de
fibromialgia no ambulatório de dor crônica do HU-UFMA”, a investigação envolveu
217 mulheres diagnosticadas com a doença.

A fibromialgia é uma síndrome crônica caracterizada por dores musculares
generalizadas, sensibilidade em pontos específicos do corpo, fadiga, distúrbios
do sono e sintomas psicológicos, como depressão e ansiedade. É considerada uma
condição de difícil diagnóstico, já que não aparece em exames laboratoriais ou
de imagem, e afeta majoritariamente mulheres.

Durante quatro anos, de 2019 a 2022, os pesquisadores aplicaram questionários
internacionais, adaptados e validados para o português, com o objetivo de
identificar possíveis correlações entre espiritualidade, otimismo e o impacto da
fibromialgia na vida das pacientes.

Pesquisa com pacientes com fibromialgia foi realizada no ambulatório de
Dor Crônica do HUUFMA ― Foto: Lucas Brito

Segundo Lucas Brito, os resultados revelaram que não foi encontrada uma
correlação estatisticamente significativa entre espiritualidade e um quadro mais
brando da fibromialgia. No entanto, ele ressalta que diversos estudos
anteriores, realizados em outras regiões do Brasil, apontaram sim uma relação
entre espiritualidade e menor impacto da dor.

Já em relação ao otimismo, a pesquisa realizada em São Luís apontou que
pacientes mais otimistas ― ou menos pessimistas ― apresentaram quadros menos
intensos da doença.

Os desafios diante do diagnóstico de fibromialgia

O estudo foi premiado pela Fapema em 2024 e integra as atividades da Liga
Acadêmica de Dor da UFMA, reforçando a abordagem multidisciplinar no cuidado com
pacientes fibromiálgicos.

“O tratamento vai além de medicamentos. Envolve também saúde mental, ambiente
social e aspectos psicológicos. O otimismo e a espiritualidade são estratégias
adjacentes que podem ajudar significativamente”, pontuou o pesquisador.

Dini Kelly convive com a fibromialgia há vários anos, mas mantém uma vida alegre
― Foto: Arquivo pessoal

Dini Kelly não fez parte da pesquisa, mas é paciente com fibromialgia e concorda
com o resultado do estudo. Em sua avaliação, a sua fé, somada à decisão de
encarar a doença de cabeça erguida têm sido fundamentais para uma melhor
qualidade de vida.

Ao falar sobre a fibromialgia, Dini conta que tem diagnóstico desde 2009, e que
o impacto foi profundo, quando soube da doença, principalmente nos períodos de
crise.

Ela também guarda na memória os momentos em que até tarefas simples se tornaram
torturantes, em São Luís.

“Me lembro de períodos em que tomar banho era um tormento, pois ao lavar os
cabelos, o contato dos dedos com o couro cabeludo era extremamente doloroso,
assim como passar o sabonete na pele”.

Dini descreveu a fibromialgia como uma dor silenciosa e muitas vezes impossível
de localizar.

“Às vezes não dá pra dizer nem onde está doendo ― é uma dor
difusa. A realidade é não saber como vai acordar no dia seguinte, ou mesmo se
vai conseguir…”, disse, revelando a incerteza que acomana.

Porém, Dini afirma que, nos dias de dor e angústia, a forma como ela tem
encarado todo o desconforto tem feito a diferença para ter uma vida feliz, como
o otimismo consigo mesma, além da fé.

“Nos momentos mais difíceis em que a dor física e a angústia na alma se
misturavam, eu encontrava descanso e esperança em meio a orações e louvores.
Buscar a Deus e encontrá-lo, experimentar um conforto e um consolo profundo e
real, fortaleceu a minha fé. Não foi bom sentir dores constantemente, nem me
achar a pessoas mais incapaz do mundo, mas foi bom estar com Cristo que me
sustentou e me conduziu a um tempo de descanso. Há um ano, os sintomas da
fibromialgia estão controlados e eu já consigo fazer planos e cumpri-los”,
destaca Dini.

Lucas Brito e o professor João Batista foram premiados, em 2024, pela
pesquisa envolvendo a fibromialgia em mulheres ― Foto: Divulgação/UFMA

O professor João Batista Garcia destacou que a fibromialgia ainda é uma doença
subdiagnosticada e de difícil identificação, pois não é detectada por exames
laboratoriais ou de imagem, mas sim por avaliação clínica criteriosa. Ele
reforçou a importância de ver a doença não apenas como dor, e por isso o
tratamento não deve se limitar a remédios.

“A espiritualidade e a maneira de ver a vida e a doença são fatores muito
importantes para o enfrentamento de dores crônicas. O grande mérito desse
trabalho é justamente mostrar isso com base científica”, ressaltou.

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