Policiais envolvidos em ação com morte de adolescente são afastados das ruas

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Policiais envolvidos em ação que terminou com morte de adolescente em São Marcos
são afastados das atividades das ruas

Situação aconteceu no bairro de São Marcos, em Salvador. Caíque dos Santos Reis,
de 16 anos, era estudante, barbeiro e começaria emprego como atendente de
confeiteiro no dia que foi enterrado.

Uma ação policial terminou com dois mortos em Salvador. Os policiais militares envolvidos na ação que terminou com morte de um adolescente de 16 anos no bairro de São Marcos, em Salvador, foram afastados das atividades de ruas. A informação foi confirmada nesta quarta-feira (1°) pela corporação.

De acordo com a Polícia Militar, logo após tomar conhecimento da ação policial, determinou a adoção imediata de um protocolo que estabelece medidas a serem aplicadas em situações de ocorrência com trauma, inclusive aquelas que resultam em lesão corporal grave ou morte.

Conforme o regulamento, os policiais militares, lotados no Batalhão de Policiamento de Prevenção a Furto e Roubos de Coletivos (BPFRC), envolvidos foram afastados das atividades operacionais, prestaram depoimento individualmente e foram encaminhados ao Departamento de Promoção Social da PM.

Na unidade, receberam acompanhamento psicológico especializado, participaram de atividades de apoio emocional e de palestras diárias voltadas à valorização da vida e aos valores humanos, permanecendo sob acompanhamento administrativo até a conclusão das investigações.

Segundo a PM, as apurações ocorrem em duas frentes complementares: na esfera administrativa, conduzida pela Corregedoria-Geral da PM, sob a responsabilidade direta do coronel Delmo, corregedor-geral; na esfera criminal, a cargo do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) da Polícia Civil, responsável por investigar as circunstâncias do fato.

“A Polícia Militar da Bahia reafirma seu compromisso com a legalidade, a transparência e a defesa da vida, ressaltando que não compactua com desvios de conduta e assegurará a plena responsabilização de eventuais excessos, sempre garantindo os direitos constitucionais ao contraditório e à ampla defesa”, disse em nota.

REVOLTA DA COMUNIDADE

Manifestantes fecham as ruas do bairro de São Marcos nesta terça-feira (30). Os moradores do bairro de São Marcos realizaram um novo protesto na terça-feira (30), pela morte de um adolescente de 16 anos durante uma ação policial na região. Este foi o terceiro dia de manifestações. Com cartazes, os moradores do bairro voltaram a pedir Justiça por Caíque dos Santos Reis, morto na tarde de domingo (28).

Na segunda-feira (29), os moradores do bairro chegaram a queimar entulho como forma de chamar atenção para a manifestação. Os ônibus seguem sem circular na região.

Segundo a Secretaria de Mobilidade (Semob), o transporte coletivo está passando pela via regional, mas não entra no bairro, por precaução. O policiamento na região foi reforçado na segunda.

O corpo de Caíque Reis foi sepultado ainda na segunda, em um cemitério da Baixa de Quintas. O jovem era estudante, barbeiro e começaria emprego como atendente de confeiteiro no dia em que foi sepultado. Conforme relato dos moradores, os policiais chegaram ao bairro em busca de suspeitos e atiraram contra o rapaz.

Em entrevista à TV Bahia, a mãe do adolescente, Joselita dos Santos Cruz, afirmou que o filho obedeceu às ordens da polícia de colocar as mãos para cima, mas ainda assim teria sido baleado pelos policiais.

A mãe ressalta que o jovem não tinha envolvimento com a criminalidade ou passagem pela polícia. Ela estava em casa quando foi chamada pelos vizinhos e encontrou o filho morto. “Colocaram ele como traficante que foi encontrado com armas e drogas. Meu filho não traficava, não fazia nada disso”, afirma.

Já a Polícia Militar disse que Caíque foi morto durante uma troca de tiros com agentes da corporação. Um jovem, identificado como Matheus Daniel Chagas da Silva, de 21 anos, também foi baleado e não resistiu aos ferimentos. Representantes da União de Negras e Negros pela Igualdade (Unegro) e do Conselho Nacional dos Direitos Humanos prestaram apoio à família e tomarão medidas sobre o caso.

TESTEMUNHAS DISCORDAM DA VERSÃO DA POLÍCIA

Uma testemunha, que por medo preferiu não ter a identidade revelada, deu mais detalhes do que teria acontecido no bairro.

Após a saída dos militares, moradores do bairro fizeram uma manifestação, em um trecho da Avenida Gal Costa, nas proximidades de onde aconteceu a ação policial. Eles queimaram objetos na rua e cobraram justiça. Duas pessoas disseram que foram atingidas por balas de borracha.

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