Queda de bombas em Formiga: o dia que marcou a história em Minas Gerais

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Em 1987, dois artefatos de 230 kg sem carga explosiva despencaram de um avião da
FAB durante um treinamento. Apesar do medo que o incidente causou nos moradores,
ninguém se feriu, e o município recebeu indenização equivalente a R$ 5 milhões.

O dia 2 de abril de 1987 entrou para a história de Formiga (MG), cidade no Centro-oeste
de Minas Gerais. Em plena tarde de quinta-feira, duas bombas despencaram do céu,
lançadas acidentalmente por um caça da Força Aérea Brasileira (FAB) durante um treinamento.

A queda dos artefatos, mesmo sem carga explosiva, deixou os moradores em pânico.
Naquele dia, acontecia um protesto na cidade, e os manifestantes acharam que as
bombas eram uma represália. Meses depois, a Aeronáutica indenizou o município. A
FAB não comentou o acidente.

Dois caças F-5, do 1º Grupo de Aviação de Caça (Gavca), da Base Aérea de
Santa Cruz (RJ), sobrevoavam a cidade em uma missão de treinamento para simular
um ataque a uma ponte ferroviária no bairro Vargem Grande, segundo os registros
da época. Por um erro, os dois projéteis, que pesavam cerca de 200 kg cada,
foram liberados de um dos aviões.

Uma das bombas atingiu um muro do Parque de Exposições Luiz Rodrigues Belo
Primo, e a segunda caiu a cerca de 20 metros de um galpão que abrigava a Escola
Estadual Aureliano Rodrigues Nunes, onde estavam centenas de pessoas. Ninguém se
feriu.

Uma das cápsulas permanece exposta na Praça da Bomba, construída exatamente no
ponto da queda, o que mantém viva a lembrança do dia em que Formiga virou
notícia no Brasil e no mundo.

Especialistas em aviação explicam que as cápsulas eram apenas componentes
para simular o peso e aerodinâmica de bombas reais, sem espoleta nem carga
explosiva. Eram preenchidas com concreto.

O impacto contra o solo foi ensurdecedor. O estrondo ecoou por toda a cidade,
fez janelas tremerem, portas baterem e assustaram os moradores, que não sabiam o
que estava acontecendo, segundo o historiador Helton.

Em junho de 1987, a Aeronáutica pagou ao município uma indenização de 1,5 milhão
de cruzados — o equivalente a R$ 5 milhões atualmente —, valor usado em obras
como a conclusão da rodoviária e a abertura de uma avenida.

O episódio aconteceu no mesmo dia em que cerca de 5 mil pessoas protestavam em
Formiga contra a política econômica do governo de José Sarney, na Praça Getúlio
Vargas. O país enfrentava os efeitos da crise econômica, após o fracasso do
Plano Cruzado, lançado em 1986 para conter a inflação.

As bombas, pesadas, se enterraram a mais de dez metros de profundidade e foram
retiradas com retroescavadeira da Prefeitura. O clima se acirrou com a chegada
de militares, que exigiram a entrega imediata dos artefatos. O prefeito resistiu
e chegou a enfrentar um general dentro do gabinete.

Diante da repercussão nacional do caso, reforçada por
um discurso de João Pimenta da Veiga na Câmara dos Deputados, a imprensa se
voltou para Formiga e o governo federal teve de agir.

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