O grupo mexicano Alsea, um dos gigantes latino-americanos do setor de alimentação, decidiu colocar à venda a operação do Burger King na Argentina, em um movimento que faz parte de um desinvestimento regional que inclui também os negócios da rede no Chile e no México. A decisão, que afeta 118 lojas no país, é conduzida pelo banco BBVA e afeta 377 lojas nos três mercados latino-americanos.
A saída do Burger King ocorre em um setor de fast-food argentino que enfrenta estagnação nas vendas e uma concorrência acirrada. A rede, que já foi a segunda maior do país, hoje disputa a vice-liderança com a cadeia local Mostaza, ficando atrás do líder histórico, McDonald’s. A Alsea, no entanto, não está deixando totalmente o mercado argentino e manterá a operação do Starbucks no país.
O consumo massivo registra 15 meses consecutivos de queda, e um dos símbolos mais fortes do empobrecimento é a queda no consumo de carne bovina: os argentinos, tradicionalmente grandes consumidores, reduziram a ingestão de 73kg para 48,5kg por pessoa/ano. A austeridade fiscal, que incluiu demissões de servidores e corte de subsídios, conseguiu equilibrar as contas públicas, mas a um custo social altíssimo, com a pobreza chegando a 55% em 2024. Agora, o próprio “milagre” começa a tremer: o risco país disparou, o Banco Central queima reservas para segurar o peso e até o FMI pede que Milei consiga “apoio político amplo”. A lição que fica: é possível equilibrar as contas do Estado, mas quebrando o orçamento das famílias.