Brechós de Grifes de Luxo em Campinas: Consumo Consciente em 488 Lojas

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Grifes de luxo, brigas por peças e consumo consciente: região de Campinas tem 488 brechós em 18 cidades

Pesquisa do Sebrae-SP apurou o comportamento do consumidor em relação aos brechós. Lojista de Campinas (SP) relata que disputa por peças pode ser acirrada.

Grifes de luxo, brigas por peças e consumo consciente: região de Campinas tem 488 brechós em 18 cidades — Foto: Lígia de Castro Ramos

Quantos brechós há na sua cidade? Só na região DE Campinas (SP) há 488 comércios que vendem produtos de segunda mão em 18 cidades, segundo um levantamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).

De acordo com a pesquisa, grande parte dos brechós da região são de microempreendedores individuais (MEIs), com 355 empreendimentos. Na sequência, há 135 estabelecimentos na categoria microempresa (ME) e outros 18 que são empresas de pequeno porte (EPP).

CONSUMO CONSCIENTE

“A gente proporciona uma experiência para o cliente, onde ele pode encontrar grandes marcas com preços acessíveis”, diz Maristela Barros, dona de um brechó em Campinas. — Foto: Lígia de Castro Ramos

Fugindo do esteriótipo de “loja de roupas velhas”, o mercado de brechós vai contra o movimento das fast fashions — modelo de produção em massa de roupas baratas e de baixo custo —, e estimula o consumo consciente. Negócios da região apostam em uma curadoria apurada e na venda de produtos de grife para atrair clientes, que chegam a brigar pelas peças.

Brechós por Cidade

Campinas concentra o maior número de negócios na região, representando 38,7% da soma das cidades, com saldo de 189 brechós. O estado de São Paulo conta com 7.348 pequenos negócios no comércio de produtos usados — veja os números completos por cidade da região, abaixo:

Principais Motivos

O levantamento também apurou o comportamento do consumidor em relação aos brechós. A pesquisa foi elaborada a partir de duas sondagens, feitas entre 23 de abril e 4 de maio de 2025, com 400 consumidores de brechós.

Segundo o levantamento, entre os principais motivos que levam o público a optar por consumir produtos de segundo mão em vez de adquirir uma peça que acabou de sair da fábrica estão os preços mais baixos (71% dos entrevistados), a qualidade dos produtos (45%), e a sustentabilidade aliada ao consumo consciente (43%).

Itens Mais Procurados

Ainda segundo o levantamento, os artigos de vestuário são os itens mais procurados pelos consumidores: roupas masculinas (51% dos entrevistados), roupas femininas (50%), calçados (46%), bolsas, bijuterias e óculos (43%), roupas de grife (42%).

“Hoje em dia fala-se muito do fast fashion, que é um fast food da moda. Eles vendem muitas peças com preços bem baratos, mas são peças descartáveis. Aqui a gente pensa no consumo circular: aquilo que não serve para mim hoje, ele serve para você e aquilo que não serve mais para você, serve para mim”, diz a lojista.

Grifes de Luxo, Curadoria Apurada e ‘No Precinho’

A proposta do negócio pode ser a chave do sucesso. Aberta no Cambuí desde
abril de 2025, a lojista faz uma curadoria apurada de todos os “desapegos” e
produtos de lojas ponta de estoque que vão para a sua vitrine, selecionando
aqueles de marcas renomadas (e até mesmo, de luxo) e de coleções mais recentes.

Os lojistas que trabalham com peças “premium” mantêm uma curadoria apurada. Não
basta ser de uma grife de luxo, a roupa precisa estar em bom estado e ser
moderna. Entenda como funciona:

1. O dono das peças as leva para o brechó, e as deixa para que a lojista faça a
curadoria, apurando a qualidade da peça, o tecido, a marca e a atualidade.
2. Após aprovadas, a lojista faz uma pesquisa de mercado e avalia um preço para
pagar ao dono original.
3. A peça vai para a vitrine e é comercializada a um valor até 60% mais baixo
do que o que saiu da fábrica.

“Mesmo sendo de marca, às vezes nós não compramos, porque não são peças atuais
ou que sejam peças atemporais — aquelas peças essas que nunca saem de moda, como
uma estampa vichy ou uma estampa pied po”, diz Maristela.

Peças de Grife

Maristela, de 47 anos, mantém o brechó Desapego Chique, que foge do estereótipo
clássico de araras com roupas gastas: o empreendimento na metrópole busca peças
sofisticadas e novas, mas com um preço bem mais acessível comparado com as que saem
das fábricas.

De bolsas e relógios de grife de luxo até tênis clássicos, esse modelo de brechó garimpa peças de segunda mão de marcas de status para revendê-las a um preço abaixo do mercado.

As vendas são realizadas pela loja física, online e por meio de lives no
Instagram. Maristela conta que há produtos bem disputados e que algumas clientes
“se estapeiam” para garantir a peça.

“Como somos novos aqui em Campinas, nós temos vendido em média 1,5 mil a 2 mil
peças por mês. Mas assim, a loja de Ribeirão Preto já chegou a fazer 1 milhão
em vendas online”, relata.

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