Em dia de grande risco de derrota no Congresso, a pesquisa Quaest dá munição aos líderes do governo para convencer deputados e senadores da base aliada a aprovarem a MP 1303, essencial para o controle das contas públicas no próximo ano.
Por outro lado, reforça a estratégia da oposição de derrotar o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para conter sua recuperação, principalmente em 2026 — ano de eleição. Segundo assessores de Lula, a disputa neste momento em torno da MP 1303, que aumenta receita e corta gastos, é totalmente política.
Segundo um assessor direto do presidente, o governo cedeu até onde não deveria para aprovar a medida provisória, mas mesmo assim o PP e o União Brasil querem derrotar o presidente Lula exatamente para interromper a recuperação dele nas pesquisas.
Na avaliação do líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE), a aprovação em recuperação desde julho deste ano, empatando com a reprovação, 48% a 49%, é decisiva para o ambiente político no Congresso. Segundo ele, o governo mostra que está mais forte e isso melhora o clima para o governo. Governo com vento a favor costuma ter mais adesão no Congresso do que oposição.
A pesquisa é divulgada no dia em que o governo tem que votar a medida provisória que lhe garante recursos para equilibrar as contas no ano que vem. A melhora da aprovação de Lula não veio desta vez da queda do preço dos alimentos, cuja percepção de melhora andou de lado, mas principalmente das boas notícias para o governo, como aprovação na Câmara da isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil, o encontro de Lula com Trump e o discurso do presidente na ONU.
O líder do governo na Câmara diz que, sem a MP 1303, o governo terá de fazer cortes lineares no Orçamento da União de 2026, o que vai atingir todas as rubricas. A votação em plenário da MP ficou para esta quarta-feira (08). Líderes governistas disseram ter detectado uma operação de deputados do PP e União Brasil para derrotar o governo e derrubar a MP 1303.
Daí o adiamento para uma nova rodada de negociações. Até a bancada ruralista, que foi atendida em todos os seus pleitos, ameaçava derrotar o governo. Os líderes do governo lembram que a MP não só aumenta receitas, mas corta cerca de R$ 15 bilhões no Orçamento da União do próximo ano.