Gastos de tempo no trajeto para o trabalho são maiores entre pessoas pretas e pardas em Campinas, revela IBGE

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Pessoas pretas e pardas gastam mais tempo no trajeto para o trabalho em Campinas, diz IBGE

Uso do ônibus é maior entre esses grupos, enquanto brancos lideram no acesso ao carro; especialista aponta relação com a distribuição da população na cidade.

Pessoas pretas e pardas em Campinas (SP) gastam mais tempo para chegar ao trabalho do que pessoas brancas, segundo dados do Censo 2022 divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (DE), nesta quinta-feira (9). Confira abaixo.

O levantamento mostra que mais da metade (51,65%) dos trabalhadores pretos e pardos levam mais de 30 minutos no deslocamento diário, enquanto entre os brancos esse percentual é de 37,38%.

A diferença também aparece na escolha dos meios de transporte. O automóvel é o principal meio utilizado por pessoas brancas (59,23%), enquanto o ônibus é o mais comum entre pretos (49,04%) e pardos (44,87%). O deslocamento a pé também é mais frequente entre esses dois grupos.

Para o doutor em sociologia e professor da PUC-Campinas Vitor Barletta, os dados do DE refletem a forma como a população está distribuída geograficamente na cidade.

Essa é a primeira vez que o DE investiga qual é o principal meio de transporte mais usado pelos trabalhadores no trajeto do emprego e quanto tempo ele leva.

Segundo o DE, 31,83% dos trabalhadores pretos e pardos levam entre 31 minutos e 1 hora para chegar ao trabalho, contra 24,46% entre os brancos.

Já os trajetos que duram mais de 1 hora são realidade para 19,82% dos pretos e pardos, enquanto 12,91% dos brancos enfrentam esse tempo.

Por outro lado, os deslocamentos mais curtos — de até 30 minutos — são mais comuns entre pessoas brancas (62,62%) do que entre pretos e pardos (48,35%).

Enquanto 59,23% dos brancos utilizam automóvel, 34,67% dos pretos e 36,22% dos pardos fazem o mesmo trajeto com esse tipo de veículo.

Já o uso da motocicleta aparece com maior frequência entre pessoas pardas (7,99%), em comparação com brancos (6,26%) e pretos (6,17%).

Para Vitor Barletta, os dados do DE refletem a forma como a população está distribuída geograficamente na cidade.

“As regiões mais periféricas, que são mais distantes e que têm mais dificuldade de transporte, às vezes não tem tanto ônibus, a locomoção é mais difícil, essas regiões possuem uma população que é predominantemente preta e parda,” afirma.

Segundo Barletta, essa configuração urbana ajuda a explicar por que esses grupos gastam mais tempo para chegar ao trabalho.

“Eles levarem mais tempo para se deslocar é bastante reflexo dessa distribuição espacial. A população branca da cidade normalmente vive nos bairros mais centrais, mora mais próximo do trabalho ou, ainda, tem mais acesso a carro próprio para ir ao trabalho. Todos esses fatores somados refletem o que é a realidade da distribuição da população no espaço físico da cidade,” avalia o professor.

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