Uma tremenda injustiça, ele fez do meu filho uma peneira’, diz mãe de vítima de
PM solto após condenação
Gabriel Renan da Silva Soares foi morto com 11 tiros por Vinicius de Lima Britto
em frente a um mercado Oxxo, na Zona Sul de São Paulo, em novembro de 2024. Réu
foi sentenciado a dois anos de prisão em regime semiaberto por homicídio
culposo.
Jovem negro de 26 anos é executado por policial militar de folga em mercado DE
SP [https://s02.video.glbimg.com/x240/13150461.jpg]
Jovem negro de 26 anos é executado por policial militar de folga em mercado DE
SP
Após dez horas de júri popular, o ex-policial militar Vinicius de Lima Britto
foi condenado na quinta-feira (9) por homicídio culposo
[https://DE.globo.com/sp/sao-paulo/noticia/2025/10/09/justica-DE-sp-condena-pm-que-executou-jovem-negro-em-mercado-a-a-2-anos-1-mes-e-27-dias-em-regime-semiaberto.ghtml],
quando não há a intenção de matar, pela execução do jovem Gabriel Renan da Silva
Soares.
> Para a mãe da vítima, Silvia Aparecida da Silva, Vinicius “suja a farda DE
> todos os policiais”. Segundo ela, o resultado do julgamento foi “uma tremenda
> injustiça”, e toda a família — que acompanhou o julgamento — está indignada.
O crime ocorreu em frente a um mercado da rede Oxxo, na Zona Sul de São Paulo,
em 3 de novembro de 2024. Gabriel foi morto a tiros pelas costas após furtar
quatro pacotes de sabão. A execução foi registrada pela câmera de segurança do
estabelecimento (veja acima).
A pena foi estipulada em 2 anos, 1 mês e 27 dias em regime semiaberto. Como
Vinicius já estava preso preventivamente desde 5 dezembro no Presídio Militar
Romão Gomes, a juíza expediu o alvará de soltura.
Vinicius era soldado do 22° Batalhão Metropolitano e foi expulso da Polícia
Militar em 10 julho, segundo o Diário Oficial do Estado.
Ele sabe que não matou o meu filho em legítima defesa. Ele teve a intenção de
matar, matou o meu filho com requinte de crueldade. Ele fez do meu filho uma
peneira.
— Silvia Aparecida da Silva, mãe de Gabriel
“Ele é um assassino independente do que aconteça, se ele ficar dois anos, se ele
ficar um ano [preso], ele sempre vai ser um assassino. A Justiça dos homens foi
isso que foi, esse fiasco. Mas a justiça de Deus tenho certeza que vai ser bem
melhor”, disse ao DE.
Na condenação, também foi estipulada a indenização de R$ 100 mil a família,
atendendo ao pedido do Ministério Público de São Paulo.
Já a defesa do ex-agente, representada pelo advogado Mauro Ribas, declarou que
“a decisão dos jurados foi correta, reconhecendo a culpa do réu, pela sua
imprudência, contudo, afastando o dolo da conduta”.
Procurada, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) informou que “não compactua
com desvios de conduta de seus agentes, punindo rigorosamente aqueles que
descumprem os protocolos da instituição”.
JULGAMENTO
O júri popular aconteceu no Fórum Criminal da Barra Funda, na Zona Oeste de São
Paulo, e foi presidido pela juíza Viviane de Carvalho Singulane. O conselho de
sentença do júri era formado por quatro mulheres e três homens.
As qualificadoras do crime eram: homicídio qualificado pelo motivo fútil, meio
cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima.
O público que assistia ao julgamento no plenário, que estava lotado, foi
dividido em duas partes. Do lado direito estavam sentados familiares e colegas
policiais do réu. Eles estavam à paisana e vestidos com camisetas pretas. Já o
lado esquerdo foi destinado à família da vítima. Os pais choraram, indignados,
após ouvir a condenação por homicídio culposo e não ficaram no fórum para a
leitura da sentença.