Exportação de café sofre prejuízo de R$ 5,9 milhões em um único mês; Porto de Santos lidera problema
O setor de exportação de café do Brasil enfrentou um prejuízo de R$ 5,9 milhões em apenas um mês. De acordo com informações do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé), essa situação é resultado da impossibilidade de embarcar mais de 624 mil sacas do produto nos portos brasileiros, com destaque para o complexo portuário de Santos, o maior do país.
Segundo o Cecafé, o levantamento abrange dados referentes ao mês de agosto, onde os custos adicionais com armazenagem, pré-stacking e detenções devido à impossibilidade de embarque de 624.766 sacas representaram o valor do prejuízo. Desse montante, 491.731 sacas são originárias do Porto de Santos, o líder em cargas não embarcadas no período.
A falta de embarque do café resultou em uma perda de receita cambial estimada em US$ 221,28 milhões, equivalente a R$ 1,205 bilhão, nas exportações. Esse cálculo considera o preço médio FOB de exportação de US$ 354,18 por saca de café verde e a média do dólar de R$ 5,4463 no mês anterior.
O Cecafé alerta para a preocupante situação causada por gargalos na logística e pela infraestrutura portuária defasada no país. O diretor técnico da entidade, Eduardo Horen, prevê um cenário ainda mais desafiador nos próximos meses caso não ocorram investimentos nos complexos portuários nacionais, resultando em portos lotados e atrasos nas embarcações.
O setor agropecuário brasileiro tem crescido rapidamente, porém, a infraestrutura portuária e a diversificação de modais de transporte não acompanham essa evolução, segundo o especialista. Consequentemente, os exportadores que dependem de contêineres são os mais afetados com o aumento dos prejuízos.
O Cecafé está em contato com outras entidades e autoridades para apresentar os dados alarmantes e buscar melhorias. Além disso, destaca a importância do leilão do Tecon Santos 10, principal terminal de contêineres do Brasil, que enfrenta restrições da ANTAQ. A expectativa é que o leilão ocorra sem limitações para garantir uma oferta adequada de capacidade no Porto de Santos.
Para Horen, as tarifas impostas pelos Estados Unidos não impactaram diretamente o prejuízo enfrentado, atribuindo a defasagem da infraestrutura portuária como o principal fator. A APS, responsável pela infraestrutura do Porto de Santos, destaca investimentos em melhorias e expansão da capacidade portuária a médio e curto prazo para enfrentar os desafios logísticos e garantir a resiliência do complexo portuário diante das dificuldades.