Praia de Matinhos forma paredão de areia com mais de 2 metros de altura: ‘Nunca tinha visto tão alto’, diz moradora
Degrau na faixa litorânea surgiu após ressaca, fenômeno causado por ventos
fortes e marés mais altas.
Os paredões de areia se formam na praia de Matinhos, surpreendendo frequentadores da Praia Brava, na cidade do Paraná. Na manhã de quarta-feira (08), um degrau de areia com mais de 2 metros de altura à beira do mar chamou a atenção dos moradores e turistas. A formação do paredão é resultado de uma ressaca, fenômeno natural provocado por ventos intensos e marés elevadas que geram a erosão da faixa litorânea.
Moradores locais relatam que episódios semelhantes já ocorreram anteriormente, mas nunca com dimensões tão significativas como a atual. O aposentado Devanir Martins, que frequenta a praia há décadas, destaca que essa é a primeira vez que presencia uma erosão tão acentuada após a engorda da praia. Adriana Xavier, moradora de Caiobá, também se impressiona com a altura do paredão e reforça que é algo inédito para ela.
A engorda da praia, realizada pelo governo estadual através do Instituto Água e Terra (IAT), foi concluída em outubro de 2022 na tentativa de revitalizar a região. A adição de areia teve como objetivo ampliar a faixa de areia e garantir maior estabilidade à orla. No entanto, a formação desses degraus de areia gera alerta e questionamentos por parte de pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) quanto aos impactos ambientais e a sustentabilidade do projeto.
O geólogo e professor Marcelo Lamour explica que a formação dos degraus de areia está relacionada não apenas a fenômenos naturais, mas também às intervenções humanas na região costeira. A engorda da praia, parte do Projeto de Recuperação da Orla de Matinhos, envolveu um investimento considerável para depositar milhões de metros cúbicos de areia e ampliar a largura da praia em determinados trechos. No entanto, as obras também geraram controvérsias e críticas devido aos possíveis impactos negativos a longo prazo.
Os pesquisadores da UFPR apontam a remoção da vegetação nativa e ocupação irregular da região como fatores que contribuem para a vulnerabilidade das áreas costeiras a ressacas e erosões. O debate em torno da sustentabilidade das intervenções costeiras ganha relevância diante das evidências de que a engorda da praia pode não ser a solução definitiva para os problemas enfrentados por Matinhos. O monitoramento contínuo da região é essencial para avaliar os resultados das obras e seus impactos ambientais.