A polícia está analisando celulares apreendidos em uma operação que investiga mortes causadas por ingestão de metanol. A investigação busca estabelecer uma ligação entre os locais envolvidos nessas mortes e as vítimas que consumiram destilados em bares na região da Grande São Paulo. A polícia técnica do Departamento de Polícia Judiciária da Macro São Paulo (Demacro) está analisando seis celulares apreendidos em São Bernardo do Campo. O objetivo é identificar possíveis conexões entre uma fábrica de bebidas adulteradas, localizada em uma casa no bairro do Alvarenga, e uma distribuidora no Sacomã, na Zona Sul de São Paulo.
Durante a operação, a distribuidora foi um dos alvos de busca e apreensão, pois estava ligada ao bar onde uma das vítimas, Bruna Araújo, de 30 anos, consumiu bebidas antes de falecer. Bruna e dois amigos foram intoxicados após beberem produtos adquiridos no estabelecimento. Um dos sócios do bar chamou a atenção dos investigadores ao relatar que entrou no negócio depois de ganhar dez carros novos em uma rifa, usando o dinheiro da venda dos veículos para investir no bar. Quatro dos carros foram apreendidos.
De acordo com os depoimentos dos sócios do bar, eles não costumavam pedir nota fiscal das bebidas, fazendo isso apenas para justificar a compra do lote servido a Bruna e seus amigos. Além disso, afirmaram que sempre compravam os destilados da mesma distribuidora. Já o responsável pela distribuidora, em seus depoimentos, alegou não se lembrar quem comprou as bebidas vendidas ao bar e que poderiam ter sido adquiridas de outra pessoa.
A investigação aponta para coincidências entre as mortes de Bruna e de Marcelo Lombardi, de 45 anos, outro homem intoxicado, indicando a mesma distribuidora como um possível ponto em comum. Segundo o delegado responsável pelas investigações, os depoimentos dos envolvidos são contraditórios, principalmente em relação ao faturamento e à aquisição da empresa. Durante os interrogatórios, os próprios suspeitos acabaram se comprometendo. Foi encontrada uma casa usada como fábrica clandestina, com galões para armazenar etanol e milhares de garrafas vazias e cheias, além de tampas e rótulos usados para falsificar bebidas.
A polícia também identificou que a fábrica clandestina comprava etanol adulterado de postos de combustíveis, os quais utilizavam metanol para adulterar álcool e gasolina, que eram posteriormente usados na produção das bebidas falsificadas. Com um alto número de casos de intoxicação por metanol sendo reportados, o governo do estado adquiriu doses do antídoto fomepizol, aplicado para tratar casos de intoxicação. O ministério da saúde irá distribuir essas doses aos hospitais, seguindo um protocolo de acompanhamento médico para casos de ingestão de bebidas adulteradas com metanol.
Vale ressaltar a importância de buscar ajuda médica imediatamente em caso de sintomas como sonolência, tontura, dor abdominal, náuseas, entre outros, após o consumo de bebidas destiladas. A destruição de garrafas apreendidas sem controle sanitário foi autorizada pela justiça, destacando a gravidade desse cenário de adulteração de bebidas e a falta de responsabilidade com a saúde pública. A investigação continua para identificar todos os envolvidos nesse esquema criminoso e promover a justiça para as vítimas e suas famílias.