Doutor Brinquedo: conserto de brinquedos e memórias para crianças e adultos

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Doutor Brinquedo: o homem que conserta memórias e devolve sorrisos a crianças, adultos e idosos

Aos 66 anos, Miguel dos Santos transforma sua oficina em Santos, no litoral de São Paulo, num pronto-socorro de brinquedos e lembranças.

Doutor Brinquedo: o homem que conserta memórias e devolve sorrisos a crianças e adultos

Doutor Brinquedo: o homem que conserta memórias e devolve sorrisos a crianças e adultos

Entre bonecas, carrinhos e uma porção de pecinhas minúsculas, um sobrado discreto no Centro de Santos (SP) abriga um dos prontos-socorros mais lúdicos da cidade. É ali, no andar de cima de uma portinha estreita, que o técnico Miguel dos Santos, de 66 anos, se transforma no “Doutor Brinquedo”, título conquistado por quem já confiou a ele a missão de devolver vida a brinquedos carregados de histórias.

Avô de duas crianças, o cirurgião-dentista Mário Roberto Leite é um dos clientes do Doutor Brinquedo. Ele contou que o controle remoto do carrinho preferido do neto havia parado de funcionar, o que deixou o menino desesperado, especialmente porque o brinquedo tinha o mesmo nome dele: Luigi.

“Eu já conhecia a capacidade técnica do Doutor Brinquedo, então eu vim recorrer a ele, pela presteza e a rapidez”, disse o avô Mário, que brincou com os nomes iguais aos dos personagens e com a ligação que tem com o neto.

A oficina é um verdadeiro labirinto de memórias. Bonecas sem braço, carrinhos sem roda, robôs mudos e trenzinhos parados aguardam cirurgia. Cada peça tem um valor que vai além do plástico.

Doutor Brinquedo trabalha com amor para crianças de todas as idades — Foto: Reprodução/TV Tribuna

Foi se apresentando como médico que Miguel dos Santos passou a conquistar a confiança dos pais — ou melhor, dos “papais e mamães dos pacientes”, como ele costuma dizer. Na concepção das crianças, a boneca não é apenas um brinquedo, mas uma filha.

Por isso, antes de autorizar o conserto, muitas querem saber se ele é mesmo médico. Miguel responde que sim, que é “médico de boneca, de brinquedo”, e só então recebe o aval para iniciar a cirurgia.

Durante anos, Miguel se dedicou ao conserto de máquinas fotográficas e projetores, trabalho técnico e silencioso que ocupava boa parte da oficina. Mas, com a chegada da pandemia, os serviços caíram. Foi então que outras demandas começaram a surgir.

As crianças, em casa, passaram a redescobrir brinquedos esquecidos e quebrados. Um ligava, outro indicava, e Miguel foi voltando aos poucos. “Hoje eu sou o Doutor Brinquedo”, resume, com o conhecimento adquirido não só de brinquedo.

RESPONSABILIDADE COM A HISTÓRIA

Doutor Brinquedo diz que clientela é exigente e compromisso é total — Foto: Reprodução/TV Tribuna

Mas nem sempre é fácil. Miguel já perdeu o sono por causa de um trenzinho elétrico. O brinquedo pertencia a uma criança que havia morrido, e o pai queria restaurá-lo com perfeição.

Ele não se preocupava com valores, apenas com a originalidade, queria que o trenzinho voltasse a ser exatamente como era, para lembrar os momentos que dividiu com o filho. “Aquilo me marcou”, admitiu.

No lugar do relógio, Miguel usa uma ampulheta no pulso para ensinar paciência à clientela exigente, dos pequenos aos adultos. Os reparos levam, em média, uma semana.

E, para ele, cada conserto é mais do que um serviço. “O que eu deixo para o mundo é isso: um conserto. Pode parecer pouco, mas pra mim tem valor.” A grande alegria, diz, é ver um sorriso numa criança. “E eu não tô falando de criança pela idade. Criança de todas as idades.”

Doutor Brinquedo, de 66 anos — Foto: Reprodução/TV Tribuna

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