Museu de Ouro Preto estreia tecnologia nacional para estudar acervo histórico
dez vezes mais barata que a importada
Aparelho criado por professores do Instituto Federal do Rio de Janeiro substitui
versão importada e foi usado pela primeira vez no Museu da Inconfidência, em
Ouro Preto.
Um grupo de professores e pesquisadores do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ) desenvolveu um equipamento inovador para escanear e analisar obras de arte com extrema precisão milimétrica. Este robô, totalmente fabricado no Brasil, apresenta um custo em torno de R$ 400 mil, o que representa um valor dez vezes menor em comparação ao modelo importado anteriormente adquirido pelo instituto por R$ 4 milhões.
O equipamento teve sua estreia no Museu da Inconfidência, em Ouro Preto, na Região Central de Minas Gerais. Além disso, está sendo utilizado junto a outros aparatos de análise de acervo presentes no local. Esta é a primeira vez que o robô é utilizado fora do laboratório de desenvolvimento do Instituto Federal do Rio de Janeiro.
Renato Freitas, coordenador do Laboratório Móvel do IFRJ, enfatizou que os dados coletados possibilitam a identificação de características cruciais das técnicas empregadas pelos artistas. A análise da mistura de tintas, por exemplo, é um dos estudos possíveis a partir dessas informações, permitindo compreender se a mistura foi intencional ou não por parte do criador da arte.
O projeto teve início no ano de 2019, com a participação ativa de professores, técnicos e alunos do instituto. André Pimenta, professor do IFRJ, destacou o fato de que a produção do equipamento ocorreu integralmente no laboratório de uma instituição brasileira, envolvendo pesquisadores, técnicos e alunos nacionais. Todo o desenvolvimento do equipamento demandou uma significativa bagagem científica e tecnológica.
A primeira obra submetida à análise do robô foi uma pintura de Alberto da Veiga Guignard, que representa uma visão imaginada de Ouro Preto. A aplicação direta da tinta sobre a madeira, sem qualquer esboço ou correção, foi identificada através de análises com raios X e luz infravermelha. Além disso, esculturas atribuídas a Aleijadinho, incluindo algumas articuladas, foram também examinadas pelos pesquisadores.
O robô, capaz de analisar obras históricas com precisão milimétrica, revelou detalhes surpreendentes nas esculturas e pinturas estudadas. Possibilitando insights valiosos a respeito das técnicas e processos utilizados por artistas renomados, a tecnologia nacional desenvolvida pelo Instituto Federal do Rio de Janeiro representa um avanço significativo na preservação e compreensão do patrimônio artístico e cultural do Brasil.