Mãe luta por segurança dos pacientes após perda da filha: ‘Uma revolução silenciosa pela vida’

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Mãe que perdeu filha após falhas de atendimento luta por progresso na segurança de pacientes: ‘Em silêncio e pacífica, ela fez uma revolução’

Em 2024, 18.476 crianças com menos de um ano morreram por causas evitáveis no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde. Relatório elaborado por instituições do terceiro setor indica que o problema é sistêmico e busca aprovar leis focadas no tema.

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Em uma segunda-feira ensolarada de 2022, enquanto sepultava a filha, Roberta Lopes Guizzo percebeu que precisava ressignificar o que havia vivido. A despedida acontecia após um ano e 13 dias de convivência da família com Isabel, que nasceu em um parto domiciliar não planejado. Após o nascimento, o choro da bebê não foi ouvido, e a mãe notou que a filha estava fria. Isabel nasceu com evidências de sofrimento fetal – quando há diminuição ou perda da oxigenação e de nutrientes para o bebê. Até aquele momento, Roberta não sabia que tinha uma gravidez considerada de alto risco, por ter desenvolvido um quadro de diabetes gestacional. Tanto a vida de Isabel quanto a da mãe estavam em risco.

Por conta das complicações no parto, Isabel teve uma paralisia cerebral, o que deu início a uma jornada de idas e vindas à Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Agora, a história de mãe e filha é contada para lançar luz sobre um problema coletivo: a segurança dos pacientes. “Isabel, que foi um bebê que viveu 1 ano e 13 dias com muita dignidade, teve uma presença muito forte para nós. Em silêncio e pacífica, ela fez uma revolução. Então, qual é o legado que a gente quer deixar? Por que a gente levanta todos os dias? A gente precisa fazer escolhas. E são essas escolhas que vão falar sobre nós”, diz Roberta.

História de Roberta e Isabel lança luz sobre a discussão de protocolos que garantam a segurança do paciente — Foto: Arquivo Familiar
Em 2024, 18.476 crianças com menos de um ano morreram por causas evitáveis no Brasil, segundo dados do Ministério da Saúde. Dessas mortes, 870 aconteceram no Paraná. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), causas evitáveis são eventos adversos que resultam de falhas na assistência de saúde que poderiam ter sido prevenidas. Entre eles, estão erros de medicação, erros cirúrgicos, erros de diagnóstico, quedas de pacientes e infecções, por exemplo.

O Relatório Isabel destaca a importância da comunicação adequada entre equipe de saúde e familiares, com a recomendação do uso de uma linguagem acessível para que a família compreenda as informações técnicas fornecidas. Para Roberta, esse direito foi violado durante o atendimento que recebeu. O diabetes gestacional pode levar a um crescimento fetal acelerado, o que pode exigir um nascimento precoce ou por cesariana. Para ela, não saber disso a impediu de fazer as perguntas necessárias, e aumentou o sentimento de culpa.

Aceitar que poderia ter sido evitado, que a equipe sabia, foi também uma grande dor. Porque eu confiei a minha vida e a vida dela. Agora, quando a gente trabalha nessa prevenção, a gente contribui para esse processo também: para que a mulher não seja a última a saber, para que a conta não seja paga pelo neném”, defende Roberta.

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